Alvo da Lava Jato fatura R$ 14 milhões com venda de jogador do Fluminense

No fim de 2017, quando já despertava alegrias no Fluminense, o centroavante Pedro Guilherme também enchia de esperança seus empresários Márcio Giugni e Cristiano Pereira. Pedro era, antes de tudo, um investimento de família: parte de seus direitos econômicos já pertenciam ao Artsul, pequeno clube de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, administrado por Cristiano Pereira; por seu pai, Nivaldo Pereira; e por um de seus irmãos, Carlos César da Costa Pereira, o Carlinhos da Artsul, que se tornou, em 2017, um dos alvos da Lava Jato no Rio. Em setembro, Pedro foi vendido ao time italiano Fiorentina por cerca de R$ 50 milhões, na maior negociação do ano entre o futebol fluminense e um time internacional. O Artsul, de Carlinhos e sua família, embolsou R$ 14 milhões com o negócio.

Carlinhos da Artsul foi preso preventivamente na Operação Cadeia Velha, em novembro de 2017. Ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) e condenado a 11 anos de prisão pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, por atuar como operador financeiro de Jorge Picciani, então presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Hoje, ele recorre em liberdade.

Em paralelo aos negócios com os Piccianis e à gestão do Artsul, Cristiano Pereira figurou também, até julho de 2018, como sócio da PGB Sports Management, empresa que agencia a carreira do centroavante Pedro. O jogador, na época, começou a ser sondado por clubes europeus, como o Bordeaux e o Real Madrid, mas uma cirurgia para corrigir uma ruptura de ligamento no joelho do atacante frustrou os planos. Embora fosse oficialmente empresário de Pedro e aparecesse com frequência em fotos com o jogador, Cristiano não era citado como sócio por Márcio Giugni, mas sim como “um amigo” — ao menos em publicações nas redes sociais. Neste ano, Cristiano deixou o quadro societário da empresa de agenciamento de atletas e incluiu sua filha, Cleo Pereira, de 19 anos.

Além da participação de Cleo e Cristiano nos lucros de Pedro, o restante da família Pereira pode ganhar mais. No acordo para a transferência do atacante rumo à equipe Fiorentina, o Fluminense repassou € 3 milhões ao Artsul, o equivalente a 30% do valor total, enquanto o tricolor levou 70% (€ 8 milhões). Como o Artsul tinha direito à metade do valor da venda, o Fluminense, que ainda ficou com uma fatia dos direitos econômicos do jogador, concordou em repassar ao clube da Baixada Fluminense metade de qualquer dinheiro que receber caso Pedro mude de ares novamente. Convocado recentemente para a seleção olímpica e já lembrado pelo técnico Tite em convocações para a Seleção Brasileira, a tendência é que Pedro não demore a alçar voos mais altos no futebol europeu.

Fonte: Época