EUA e Talibã assinam acordo, e tropas americanas e da Otan sairão do Afeganistão em 14 meses

Os Estados Unidos e o Talibã assinaram neste sábado (29) em Doha, no Catar, um acordo que prevê a retirada completa, em 14 meses, das tropas americanas e da Otan do território do Afeganistão. Os EUA e o grupo islâmico estão em guerra, dentro do território afegão, desde 2001.

A retirada das tropas americanas do Afeganistão depende do cumprimento, pelo Talibã, de compromissos previstos no acordo. O líder da delegação do grupo, Abdul Ghani Baradar, declarou que o grupo está comprometido com o pacto firmado com os americanos.

Além da retirada das tropas, outros termos do acordo são, de acordo com a Reuters e a BBC:

  • Os EUA e a coalizão se comprometem a retirar, nos próximos quatro meses e meio (135 dias), soldados de 5 bases militares. Isso reduziria a força americana no Afeganistão de 13 mil para 8.600 soldados.
  • Os EUA também prometem trabalhar “com todos os lados relevantes” para libertar prisioneiros políticos e de combate.
  • Inicialmente, a Reuters informou que, até 10 de março, os americanos e o governo do Afeganistão iriam libertar até 5 mil prisioneiros, e o Talibã, até mil, mas, depois, a agência informou que o conselheiro nacional de segurança afegão, Hamdullah Mohib, declarou que o governo do país não fez esse comprometimento.
  • Os EUA planejam retirar sanções de membros do Talibã até agosto.
  • O Talibã, por sua vez, concordou em não permitir que a Al-Qaeda ou qualquer outro grupo extremista opere em áreas controladas por ele.

O texto foi assinado pelo enviado especial dos Estados Unidos para a paz no Afeganistão, Zalmay Khalilzad, e pelo líder da delegação do Talibã, Abdul Ghani Baradar.

O presidente afegão, Ashraf Ghani, que não estava em Doha para a assinatura e cujo governo não participou da conversa entre EUA e Talibã, declarou que alguns pontos no pacto entre Estados Unidos e Talibã precisarão de “consideração” e serão discutidos com o grupo islâmico. “Esperamos que o acordo leve a um cessar-fogo permanente”, disse.

De acordo com observadores internacionais ouvidos pela RFI, a medida é um primeiro passo para encerrar a guerra mais longa da história americana e representa uma importante virada diplomática: o fim do intervencionismo dos Estados Unidos em todo o mundo. A retirada das tropas americanas também é uma promessa de campanha do presidente Donald Trump, que busca a reeleição em novembro.

Fonte: G1