Diretora de escola é agredida por assessor de vereador

A diretora do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) do Residencial Buena Vista, foi ouvida informalmente pela polícia na manhã desta quinta-feira (14) sobre a agressão que sofreu, em frente a unidade, em Goiânia. Ela levou uma ‘voadora’ e bateu o rosto no muro após impedir a colocação de uma faixa em agradecimento ao vereador Paulo Magalhães (PSD) na porta da instituição. Um vídeo mostra a vítima com a boca sangrando.


Vídeo: Reprodução/Revista Fórum

Keilly Mágila Gonçalves Assis Moura, relatou, antes de ser ouvida pela polícia, o que sentiu após ser golpeada. O suspeito do crime é homem que estaria a serviço do político.

“Na hora, foi muita dor. Depois, é um sentimento de indignação, revolta, impotência e vergonha”, desabafou.

O caso aconteceu na tarde de quarta-feira (13). Conforme Keilly, desde 2014, a direção tenta, junto ao Poder Público, a construção de uma praça nos arredores do Cmei. Somente no início deste ano é que o projeto foi autorizado, sendo que as obras começaram há três semanas. A questão teria motivado a colocação da faixa.

“Depois disso, o vereador começou a fazer panfletagem, que era uma conquista dele. Mas ele nunca fez nada. Só queria fazer divulgação”, afirmou.

Ela conta ainda que os dois homens já tinham colocado uma faixa e que ela foi avisada sobre a situação. Quando saiu, viu que eles tinham o intuito de pôr a outra faixa – ambas agradecendo ao vereador. Ela tentou impedir e foi agredida.

“Quando eu vi, falou que não ia colocar e eles falaram que ia pôr do mesmo jeito. Eu puxei a faixa e fui entrando para dentro da escola. Quando estava perto do muro, levei uma voadeira nas costas e bati o rosto no muro”, lamenta.

Keilly foi encaminhada ao hospital e passou por exames. Apesar das dores, a suspeita de fratura não se confirmou. Ela sofreu apenas luxações.

O delegado Germano Castro disse que ainda aguarda laudos do hospital e do IML sobre a gravidade das lesões de Keilly para verificar qual crime teria sido cometido. O suspeito já foi identificado.

“Se o laudo constatar lesão corporal leve, ele é chamado para assinar um TCO. Mas se concluir que a lesão é grave, abrimos um inquérito e ele e a vítima serão intimados formalmente a depor. Esse documento deve ficar pronto em dez dias”, explicou.

Vereador questiona

O vereador se posicionou discordando da diretora. Em comunicado enviado por sua assessoria de imprensa, ele afirma que, durante uma frente de serviço, pediu ao prefeito Iris Rezende (MDB) a implantação desta e de outra praça.

A assessoria enviou ainda um ofício assinado pelo político, datado de 26 de novembro de 2018, no qual ele requisita tais obras. O parlamentar pontuou também que “acompanhou de perto” a execução da obra.

Sobre a faixa, a assessoria disse que um líder comunitário foi quem a confeccionou e que, por não possuir escada, pediu auxílio ao vereador, que destinou um servidor para a colocação da mesma.

Porém, alega que pediu a um morador, que reside em frente ao Cmei para fixar a faixa, o qual autorizou. O parlamentar alega que a faixa não foi instalada na porta ou no muro do Cmei.

Exoneração

A portaria que exonera o servidor já foi assinada pelo presidente da Câmara, vereador Romário Policarpo.

Em nota enviada na quarta-feira (13), a assessoria de Paulo Magalhães já havia relatado a intenção de dispensar o servidor. “O vereador lamenta profundamente o ato e deixa claro não compactuar com qualquer ato de violência, sobretudo, contra as mulheres”.

Fonte: G1