Mortes por Covid-19 em SP dobram em 15 dias e podem chegar a 10 mil até fim de maio; governo atribui piora à queda no isolamento

Enquanto a taxa de ocupação dos leitos de UTI, as mortes e os casos confirmados de Covid-19 aumentaram sistematicamente nos últimos 15 dias, o isolamento social em São Paulo permaneceu sempre abaixo dos 50% durante os dias úteis. O governo estadual atribuiu a piora nos índices à queda na adesão à quarentena.

Segundo porta-vozes do Centro de Contingência Contra o Coronavírus, o afrouxamento do isolamento, verificado desde a segunda semana de abril, pode fazer com que o estado chegue ao final de maio com até 10 mil mortes causadas pela doença. Até esta sexta-feira já foram registrados 3.406 óbitos – 210 deles só nas últimas 24 horas.

Nesse mesmo período em que as UTIs encheram, a taxa de isolamento se manteve sempre abaixo de 50% de segunda a sexta-feira, exceto em feriados ou emendas. A adesão à quarentena começou a cair sistematicamente a partir da segunda semana de abril.

A queda no isolamento e o aumento na ocupação das UTIs acompanham a disparada nos casos confirmados e nas mortes causadas por Covid-19 nos últimos 15 dias. As mortes cresceram 111% nos últimos 15 dias, ou seja, o total de óbitos mais que dobrou no período de duas semanas. Já os casos confirmados subiram 123% desde 24 de abril. O aumento foi ainda maior no interior e no litoral, onde a doença está se propagando quatro vezes mais rápido do que na capital.

Especialistas avaliam que a taxa de quase 90% de ocupação na região metropolitana acende um sinal de alerta para um possível colapso do sistema. O aumento na ocupação dos leitos na capital ocorreu apesar do incremento no total de leitos de UTI disponíveis. Só na cidade de São Paulo foram criados três hospitais de campanha. No Hospital das Clínicas, 100 novos leitos de UTI foram adicionados. No Emílio Ribas, são pelo menos 20 novas UTIs em funcionamento. A prefeitura também adicionou leitos do tipo em hospitais municipais, como o da Bela Vista, na região central.

Essas três variáveis são condições do governo estadual para determinar a reabertura gradual da economia: é preciso haver isolamento acima de 55%, ocupação de UTIs abaixo de 60% e uma redução sustentada dos casos de Covid-19 por pelo menos duas semanas para que a quarentena seja flexibilizada, anunciou a equipe do governador nesta sexta-feira (8).

Segundo Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan e atual coordenador do combate à Covid-19 em São Paulo, a projeção é que o estado tenha de 9 mil a 11 mil mortes e de 90 a 100 mil casos confirmados até o final de maio, caso a taxa de isolamento fique em cerca de 55%.

Fonte: G1