Deltan Dallagnol deixa a Força Tarefa da Lava Jato

O coordenador da Operação Lava Jato em Curitiba, o procurador da República Deltan Dallagnol vai deixar a força-tarefa, informou o Ministério Público Federal (MPF) nesta terça-feira (1º).

“Após 6 anos à frente da Lava Jato no Paraná, o procurador da República Deltan Dallagnol está se desligando da força-tarefa para se dedicar a questões de saúde em sua família”, explicou o MPF por meio de nota.

Deltan Dallagnol assinou diversas denúncias da Operação Lava Jato, contra empresários e políticos. Entre essas denúncias, estão as contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A estrutura da força-tarefa da Lava Jato no Paraná foi criada em abril de 2014, um mês após a primeira operação ter sido deflagrada. Desde então, segundo o documento enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR), os trabalhos foram renovados sete vezes – o prazo atual termina em 10 de setembro. 

Em julho, houve atrito entre a força-tarefa e o procurador-geral da República, Augusto Aras, que disse ser necessário “corrigir os rumos” para que “lavajatismo não perdure” .

No ano passado, o site The Intercept Brasil divulgou mensagens atribuídas ao ex-juiz federal Sérgio Moro e Deltan Dallagnol dizendo que os dois trocavam informações sobre operações. 

O site diz que procuradores, entre eles Deltan Dallagnol, trocaram mensagens com Moro sobre alguns assuntos investigados. 

Em uma ocasião, segundo o Intercept, o então juiz Sérgio Moro orientou ações e cobrou novas operações dos procuradores. Em um dos diálogos, Moro pergunta a Dallagnol, segundo o site: “Não é muito tempo sem operação?”. O chefe da força-tarefa concorda: “É, sim”.

Ainda segundo o Intercept, mensagens atribuídas a Deltan Dallagnol, chefe dos procuradores da Lava Jato, sugeririam dúvidas sobre a solidez da denúncia contra o ex-presidente Lula no caso do triplex de Guarujá, quatro dias antes de ela ser oferecida ao então juiz Moro.

Processos disciplinares

Deltan Dallagnol tem dois processos disciplinares abertos contra ele no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e que estão suspensos.

Inclusive, na segunda-feira (31), a Advocacia-Geral da União (AGU) argumentou junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) que há o risco de prescrição de um processo disciplinar aberto no CNMP contra Deltan Dallagnol .

Um processo prescreve quando se esgota o período previsto em lei durante o qual pode haver alguma sanção. 

A AGU pediu para o ministro Celso de Mello rever a decisão que deu prazo de 15 dias para Deltan Dallagnol contestar os pareceres que pedem a continuidade de dois processos, suspensos por Mello a pedido da defesa do procurador.

Agora, a AGU apresentou um novo pedido ao Supremo.

Conforme a Advocacia, o processo que discute se Deltan Dallagnol cometeu infração disciplinar por ter supostamente tentado interferir na disputa à presidência do Senado com postagens contra o senador Renan Calheiros (MDB-AL) deve prescrever no dia 10 de setembro. 

Caso os efeitos da decisão do ministro sejam suspensos, de acordo com a AGU, não haverá prejuízo imediato ao procurador.

Ao suspender a tramitação do processo, Mello entendeu que havia problemas na tramitação do processo no conselho e ressaltou que membros do MP têm liberdade de expressão. O ministro está de licença e deve voltar ao STF no dia 11 de setembro.

A AGU pede ainda que, diante do afastamento de Celso, o processo seja enviado para avaliação de outro ministro – nesse caso, a análise caberia a Gilmar Mendes.

Fonte: G1