Tanto o Butantan quanto a Fiocruz precisam de matéria-prima da China para fazer vacina

Governadores de 16 estados enviaram na quarta-feira, 20 de janeiro, uma carta a Jair Bolsonaro, pedindo que ele e o Ministério das Relações Exteriores façam um gesto de diálogo com a China e com a Índia para viabilizar a continuidade da vacinação no país. Entraves diplomáticos com os países asiáticos estão atrasando a exportação para o Brasil de um ingrediente farmacêutico ativo (IFA) e de doses prontas da vacina contra a Covid-19, colocando em risco o avanço da imunização nos estados brasileiros.

“Ao cumprimentá-lo cordialmente, os governadores dos entes federados brasileiros que subscrevem este expediente dirigem-se a Vossa Excelência a fim de tratar da premente necessidade de manutenção do fornecimento externo dos insumos empregados na produção de vacinas contra Covid-19 no Brasil”, diz a carta, acrescentando: “Nesse sentido, solicitam a essa Presidência que seja avaliada a possibilidade de estabelecimento de diálogo diplomático com os governos dos países provedores dos referidos insumos, sobretudo a China e a Índia, para assegurar a continuidade do processo de imunização”.

Os alertas de uma possível interrupção no plano de imunização foram feitos nos últimos dias pelo Instituto Butantan, que produz a CoronaVac, e pela Fiocruz, que adiou para março a entrega das primeiras doses da vacina Oxford/AstraZeneca.

O princípio farmacêutico ativo, chamado de IFA, ainda não foi liberado para exportação pelo governo chinês, em meio a questões burocráticas e a um desgaste na relação entre Brasil e China. Tanto a CoronaVac quanto a Oxford/Astrazenica necessitam da matéria-prima.

No caso da Índia, o Brasil tenta importar dois milhões de doses prontas da vacina de Oxford, já autorizadas pela Anvisa, mas a vinda dela para o país ainda não foi liberada.

Ontem, procuradores do Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas, em Pernambuco, no Rio, no Rio Grande do Sul, em São Paulo e em Sergipe encaminharam um pedido ao procurador-geral da República, Augusto Aras, para que o Ministério da Saúde e o Ministério das Relações Exteriores detalhem as medidas adotadas para assegurar que a Fiocruz receba o que é necessário para a produção de vacina Oxford/AstraZeneca.

Também ontem, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, disse à Globonews que foi informado pelo embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, que o atraso na importação de insumos para a produção de vacinas não foi causado por “obstáculos políticos”. mas por problemas de ordem técnica.Segundo Maia, Yang disse que trabalharia para acelerar a liberação das substâncias essenciais para a produção dos imunizantes no Brasil.

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