Crise nos hospitais estaduais do PI: Pai denuncia falta de médico para atender filha

Um vídeo que circula pelas redes sociais mostra um homem denunciando a falta de médico no Hospital do município de Eliseu Martins, no Sul do Piauí.

As imagens foram feitas na noite de domingo (31), quando a filha, o pai e a mãe foram encaminhados para a unidade de saúde, após o carro em que estavam ter colidido contra um caminhão na BR-135. A avó da criança, uma idosa de 71 anos morreu.

Vídeo gravado pelo pai da criança no Hospital Eliseu Martins.

Situação dos Hospitais Estaduais

Não é de hoje que os hospitais do estado vem passando por um grande drama. Denúncias sobre o atraso nos pagamentos dos terceirizados e de médicos, falta de medicamentos e até de materiais básicos para o atendimento, são alguns dos pontos mais recorrentes.

As condições de atendimento nos hospitais estaduais também são destacadas em denúncias realizadas por populares. Frequentemente circulam nas redes sociais vídeos e fotos de pacientes em macas e colchões improvisados no chão.

Ainda nesta semana, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem paralisaram as atividades nos hospitais Getúlio Vargas, Hospital Infantil Lucídio Portela, Hospital da Polícia Militar, Hospital de Doenças Infecto Contagiosas Natan Portela, Areolino de Abreu, Maternidade Dona Evangelina Rosa, Hospital Justino Luz, em Picos e no Hospital Dirceu Arcoverde, em Parnaíba.

Cobranças

Na Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi), bancada de oposição do governo, formada pelos deputados Teresa Britto (PV), Gustavo Neiva (PSB), Marden Menezes (PSDB) e Evaldo Gomes (Solidariedade), fazem constantes críticas à gestão da saúde no estado.

Teresa Britto, que é presidente da comissão de saúde na Alepi, alertou, que os recursos destinados para a área não são suficientes para manutenção de um serviço de qualidade, já que o Governo do Estado repassa para o setor apenas um valor mínimo obrigatório, estipulado pela Constituição Nacional.

“Para que essa triste realidade seja mudada é necessário que o governador Wellington Dias, destine mais recursos. Hoje ele coloca apenas os 12%,, que é constitucional, então não há nenhum investimento a mais de recursos próprios por parte do governo”, declarou.

Recentemente, o assessor assessor técnico da Secretaria de Saúde do Piauí (Sesapi), Marcos Rangel, esteve na Alepi para atender a um requerimento do deputado Gustavo Neiva e tratar sobre a regularização dos salários dos médicos e funcionários terceirizados do hospital Tibério Nunes, em Floriano. No entanto, na resposta encaminhada, a Sesapi afirma que não poderia atender o requerimento do parlamentar, porque não sabe como quantificar os servidores com salários em atraso.

“Eu pedi a regularização do salário dos servidores do Hospital Tibério Nunes, é público e notório que os terceirizados, os prestadores de serviço e até os médicos, estão com os pagamentos atrasados. Para minha surpresa, a resposta que recebi da Secretaria de Saúde, é que o atendimento ao meu pedido está inviabilizado porque eles não sabem quais e quantas categorias estão com os salários atrasados. Eu fiquei abismado com o que ouvi. Isso demonstra a total desorganização que a Sesapi está atravessando”.

O que diz a Sesapi

Procurada, a Secretaria do Estado da Saúde falou sobre a questão dos atrasos salariais e informou que em está elaborando uma proposta de parcelamento a ser apresentada à Associação Piauienses de Prefeitos Municipais (APPM), e que o calendário de pagamento, deve ser definido entre Governo do Estado, por meio desta Secretarias de Saúde e da Fazenda, e APPM.

Veja a nota da Sesapi:

A Secretaria de Estado da Saúde vem procedendo o pagamento do Cofinanciamento relativo ao exercício de 2019 regularmente. Quanto aos atrasos de parcelas de anos anteriores, informa que está elaborando uma proposta de parcelamento a ser apresentada à Associação Piauienses de Prefeitos Municipais (APPM), pois na última reunião com a entidade foi negociada a atualização do débito para este exercício 2019 e que será apresentada uma proposta de um calendário de pagamento, a ser definido entre Governo do Estado, por meio desta Secretarias de Saúde e da Fazenda, e APPM.

Frisa-se que o Piauí é um dos poucos Estados que mantém esse financiamento para a Atenção Primária e que mesmo diante das dificuldades pelas quais passa o país, busca alternativa para regularização do débito.