Estudantes fazem apelo a governador: "Queremos estudar!"

Há três meses do início do ano letivo nas escolas, os estudantes ainda vivem o drama de não conseguirem frequentar as aulas. O motivo? A falta de transporte escolar.

Esse é o caso dos alunos da rede estadual de ensino de São Francisco do Piauí. Os alunos que residem, principalmente, na zona Rural do município, estão correndo o risco de perder o ano letivo.

Na tentativa de serem ouvidos, os jovens escreveram uma carta aberta direcionada ao governador, Wellington Dias, e ao secretário de estado da educação, Ellen Gera Moura, onde pedem providências para resolução do problema no município.

“Estamos no mês de abril e os alunos de São Francisco do Piauí da rede estadual de ensino estão privados de frequentar o colégio porque não tem transporte pra levá- los até suas respectivas escolas.
Já solicitamos a todos e ninguém nos fala nada. Ninguém se dispõe. Ninguém dá uma palavra por nós”, diz um trecho da carta.

A nossa equipe entrou em contato com a Secretaria de Estado da Educação (Seduc), que afirmou que irá avaliar a situação antes de se pronunciar sobre o caso.

Leia a carta escrita pelos estudantes!

Carta aberta ao povo piauiense e uma súplica ao governo do estado. 

Senhores, senhoras, pais, estudantes e autoridades do nosso estado e em especial nosso governador Wellington Dias e o secretário de estado da Educação do Piauí, Ellen Gera.

Estamos no mês de abril e os alunos de São Francisco do Piauí da rede estadual de ensino estão privados de frequentar o colégio porque não tem transporte pra levá- los até suas respectivas escolas. Já solicitamos a todos e ninguém nos fala nada. Ninguém se dispõe. Ninguém dá uma palavra por nós. 

Não estamos pedindo nada. Estamos apenas exigindo um direito que ê nosso. Queremos estudar! Nos preparar pra enfrentarmos um futuro qualificado. Senhor governador tenhamos mais sensibilidade. Dinheiro tem. Recursos vêm. Somos apenas estudantes que acreditam na revolução através da educação. O que precisamos fazer? Gritar? Já gritamos. Falar? Já falamos. 

Só falta agora ajoelharmos aos pés de sua excelência e chorar rios de sangue implorando um direito que já é nosso. Nosso sonho é tão grande e tão forte que se preciso for, assim o faremos: Nos humilharemos pedindo apenas a oportunidade de estudar. 

Governador, queríamos pedir desculpas se lhe ofendemos com essa atitude arrogante de lhe escrever reivindicando nossos direitos. É que não podemos mais suportar tanto descaso por parte de sua excelência e seus comandados. Infelizmente nós vivemos uma realidade totalmente inversa dessa que o senhor coloca nos meios de comunicação vendendo uma imagem muito distorcida daquela por nós vívida. 

Como disse Martin Luther King: Pior que o grito dos opressores é o silêncio dos justos.

Não nos calaremos, jamais. Esperamos que com essas palavras, nossas reivindicações sejam atendidas por vossa excelência.

Governador reflita: O senhor tem a oportunidade de mudar os rumos, o destino desse estado e do seu povo. Aproveite e faça jus a toda essa chance lhe dada pelo povo piauiense pela quarta vez.

Na certeza de sermos atendidos;
Alunos da rede estadual de ensino de São Francisco do Piauí. 
São Francisco do Piauí.
08/04/2019.

Problema recorrente

Desde o início do ano, várias escolas da rede estadual de ensino, vem enfrentando o mesmo problema. No município de Cocal-PI, os estudantes chegaram a fazer uma manifestação, pois os veículos que transportam os alunos não estavam circulando por falta de pagamento dos motoristas e demais servidores da educação estadual.

Na Unidade Escolar Artur Gonçalves de Sousa, em Lagoa de São Francisco, os alunos gravaram um vídeo com a paródia da música “Olhos Coloridos”, do cantor e compositor Macau, para denunciar a falta de ônibus escolar. Em um trecho da música eles dizem: “Nós estamos sem transporte
Precisamos resistir. Meu direito é ter transporte, nós queremos estudar. Eles estão nos enganando, nos fazendo esperar
Vocês estão no poder, só deveriam exercer”…

Em Lagoa do Barro-PI, os estudantes da Unidade Escolar Professora Isabel Ribeiro de Jesus, também fizeram uma manifestação e se recusaram a entrar em sala de aula em apoio aos colegas que moram na zona Rural, e não estavam frequentando a escola por falta de transporte.