Uespi: Campus da cidade do governador corre risco de fechar

Recentemente inúmeras manifestações sobre a questão da educação vem sendo realizadas, seja por alunos, professores ou outros profissionais que atuam no setor.

O Governo do Estado passa por um momento crítico, e o discurso sobre a crise financeira aliado à questão do reajuste fiscal, se tornou corriqueiro nas justificativas dadas à população.

O Piauí vive um período de escassez, no que diz respeito ao aparato educacional, e não só isso. Alunos protestam pelo direito de estudar, professores da rede estadual reivindicam melhorias no seu trabalho e chegam a paralisar as atividades. No entanto, nesse momento, Wellington Dias, e principalmente seus aliados demonstram muita preocupação, não com o caos que vem se instaurando no estado, mas com a repartição do “bolo” do governo.

Prova disso, é um dos projetos mais debatidos nas comissões da Assembleia Legislativa nos últimos meses, a Reforma Administrativa. Pois o objetivo sempre foi claro: Primeiro a aprovação da reforma, depois a divisão dos cargos. Isso, em meio a todos os problemas apresentados diariamente.

Agora, mais um fato preocupa a população, o Campus da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), de Oeiras, corre risco de fechar. Em uma carta aberta à Sociedade do Vale do Rio Canindé, um grupo chamado ‘Amigos da Uespi Oeiras’, alertam para a situação da instituição.

“Problemas nas instalações físicas e elétricas do prédio; falta de sala para funcionamento das coordenações dos cursos; ausência de gabinete (sala) para os professores; número insuficiente de funcionários efetivos na área técnico-administrativa; número insuficiente de professores efetivos”, esses são alguns dos pontos relatados no texto.

Além disso, os autores da carta afirmam que desde 2017, o único curso que recebe novos alunos é o de História. O fato revolta ainda mais por uma curiosidade particular, nos últimos 15 anos o Piauí foi governado por pessoas naturais da região de Oeiras, e nesse percurso, e nesse percurso, nada de concreto foi realizado para melhorar as condições do Campus.

Leia a carta na íntegra!

Carta Aberta à sociedade do Vale do Rio Canindé

Instalada em Oeiras no ano de 2000, ainda no governo Mão Santa, a UESPI em Oeiras sempre conviveu com problemas de vários tipos. Nunca, no entanto, a sua presença nessa cidade esteve tão ameaçada quanto nos dias atuais.

Problemas nas instalações físicas e elétricas do prédio; falta de sala para funcionamento das coordenações dos cursos; ausência de gabinete (sala) para os professores; biblioteca precária, em relação à estrutura física, à variedade dos títulos e ao número de livros; insuficiência de recursos didáticos e tecnológicos; quase inexistência de apoio ao estudante, através do benefício de auxílio-moradia, bolsa-trabalho e auxílio alimentação; repasse financeiro irregular e insuficiente para a manutenção de seu funcionamento; internet mais lenta que uma tartaruga peada; número insuficiente de funcionários efetivos na área técnico-administrativa; número insuficiente de professores efetivos; ufa…! E esses são somente os problemas mais visíveis com os quais o campus de Oeiras tem convivido ao longo desses quase 20 anos.

Mas o que mais causa indignação é saber que, já há mais de uma década, o Conselho Estadual de Estadual do Piauí (CEE/PI) vem solicitando às autoridades competentes (entenda-se ao Governador) que adote as providências necessárias para solucionar tais problemas. E nada! E o mais incrível (se é que é possível!) dessa história toda é que, nos últimos 15 anos, o Estado do Piauí foi governado por pessoas naturais dessa região de Oeiras – portanto, pessoas que nasceram em cidades cuja população pode ser beneficiada com a presença da UESPI em Oeiras -, inclusive o nosso atual mandatário, Sua Excelência o Governador Wellington Dias (já em seu 4º mandato!).

Mesmo com todos esses problemas, a UESPI de Oeiras tem oferecido, ao longo de sua história, inegável contribuição à sociedade das 17 cidades que compõem o Território do Vale do Rio Canindé, em especial a de sua sede. Mas pasmem: daqui a alguns anos faltarão alunos! Afinal, desde o ano de 2017, o único curso que recebe novos alunos é o de História. Se essa realidade persistir, no ano de 2021 haverá, na UESPI de Oeiras, apenas o Curso de História, motivo pelo qual será alegada a inviabilidade de sua manutenção com um único curso, ocorrendo, assim, na Primeira Capital do Piauí, o que já foi feito em várias outras cidades onde a UESPI não existe mais. Ao que parece, nem chegaremos a usar as instalações do novo campus, em construção e que deveria ter sido entregue em 2017, nas comemorações dos 300 anos de Oeiras.

Ora, o fechamento do campus da UESPI em nossa cidade trará para ela, assim como para as demais cidades que ficam em seu entorno, consequências desastrosas, em diversos âmbitos. Um primeiro impacto a ser sentido, por exemplo, é em relação à economia de Oeiras (com destaque, entre outros, para o comércio e para o setor imobiliário), pois se estima que, atualmente, a presença da UESPI faz circular, aproximadamente, R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) mensais ou R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais) anuais.

O que dizer então para aqueles jovens que estão na escola hoje (e cujas famílias não podem custear os seus estudos universitários em outra cidade, como Picos ou Floriano): “olhem, sinto muito, mas vocês não poderão fazer um curso superior, porque a UESPI em Oeiras vai fechar!”. Portanto, o fechamento da UESPI em Oeiras estará, também, matando muito sonhos: sonhos daqueles que desejam ser professor e contribuir com a formação de nossa sociedade; sonhos daqueles que esperam, através dos estudos, mudar de vida e dar uma vida melhor para seus pais.

Ante o exposto, fica, então, a conclusão de que, mais do que importante, a presença da UESPI em Oeiras é necessária para a construção de uma sociedade mais justa, fraterna e consciente de seus direitos e deveres. 

Além disso, é possível afirmar que o fechamento do Campus Professor Possidônio Queiroz (UESPI Oeiras) terá algo de simbólico, pois isso significa dizer que a terra que foi o berço para a formação do Estado do Piauí – a sua primeira freguesia, a sua primeira vila, a sua primeira cidade, a sua primeira capital -, o povo que derramou o seu sangue e deu a sua vida pela defesa de sua terra, o povo que se opôs à Coroa Portuguesa na luta pela Independência do Brasil não terão mais um campus universitário para chamar de seu.

Grupo Amigos da Uespi Oeiras