Após abrigar venezuelanos, voluntários destacam a possibilidade montar uma comunidade agrícola no PI

Cerca de 60 venezuelanos desembarcaram em Teresina no último fim de semana. O grupo formado, em sua maioria, por mulheres e crianças, conta que saíram do seu país de origem há cerca de um ano e meio fugindo da crise econômica e política que atinge o local.

No Piauí, os imigrantes acamparam na praça do Estádio Lindolfo Monteiro, localizada na região Centro-Norte da capital. Eles se organizaram em grupos para pedir esmolas pelos sinais da cidade. Quatro dias após sua chegada, os venezuelanos foram acolhidos por representantes do Movimento Pela Paz na Periferia.

Homens, mulheres e crianças foram retirados das ruas e levados para o Centro Social do Poty Velho. No local, receberam o apoio da Pastoral dos Moradores de Rua e da Ong Eu Quero Ajudar. Os grupos se reuniram, e estão organizando a estadia dos imigrantes no estado. Em suas redes sociais, o professor e líder comunitário Júnior do MP3, pediu ajuda para a continuidade da ação.

De acordo com Júnior do MP3, a maior preocupação, neste momento, é relacionada ao estado de saúde dos imigrantes. “No momento nós estamos precisando com urgência de médicos. Eles estão vindo de uma zona de fronteiras, foi uma viagem feita do Pará para o Piauí. Então, precisamos saber há algum infectado por alguma doença, essa é uma das nossas maiores necessidades”, informou o líder comunitário.

Os voluntários também pedem ajuda para reestruturação do Centro Social, que de acordo com eles, precisa de reparos. “Precisamos bombeiros hidráulico e elétrico, porque o local precisa de reparos, os banheiros estão desativados a muito tempo e faltam muitas lâmpadas no local”.

Além disso, os voluntários ainda pedem a colaboração de um dentista, doação de material de higiene, fraldas e produtos alimentícios.

Foto: Arquivo/Júnior do MP3

O que dizem as autoridades locais

Segundo Júnior do MP3, os venezuelanos negaram que a Prefeitura Municipal de Teresina tenha ofertado algum tipo de auxílio.”O grupo afirma que a Prefeitura de Teresina não ofereceu ajuda a eles. E se tivesse oferecido, nós não tínhamos levado eles para o local onde levamos. Não é muito bom, mas é melhor que a rua”, disse.

A Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência Social e Políticas Integradas (Semcaspi), da Prefeitura afirmou que, assim que tomaram conhecimento sobre a chegada do grupo, uma equipe de Agentes de Proteção Social (APS), foi encaminhada para acompanhar a situação.

“Assim que fomos informados sobre a chegada deles (venezuelanos), nossa primeira medida foi encaminhar uma equipe, para a realização dos procedimentos básicos, como por exemplo, saber em que situação eles chegaram a cidade e como estão no País. No entanto, eles negaram o atendimento, talvez por medo de serem deportados. Mas em casos como esse, é importante destacar que a Política Nacional de Assistência Social prevê a inclusão de migrantes em programas sociais do Governo e, que os venezuelanos podem ser incluídos no recebimento desses benefícios, caso estejam de forma legal no Brasil. Mas vamos averiguar essa situação e ajudar, no que for possível”, informou Samuel Silveira.

Futuro

Foto: Arquivo/Júnior do MP3

Os voluntários que estão ajudando na acolhida, já tem planos para o futuro do grupo. O Movimento Pela Paz na Periferia e a Pastoral dos Moradores de Rua, disseram que estão em busca de um local permanente para abrigar os venezuelanos. Segundo eles, a intenção é de que seja iniciada uma comunidade agrícola venezuelana.

“Nós não vamos abandoná-los. A comunidade está ajudando, mas sabemos que vai ter um momento em que vai para de ajudar. Já estamos vendo um espaço para negociar na zona Rural de Teresina ou em algum município do nosso estado, já que eles são agricultores. Vamos conversar com eles para saber há o interesse em cultivar essa área que será oferecida para eles se adaptarem, e assim, montarmos uma comunidade venezuelana agrícola aqui no Piauí”, concluiu MP3.

Pessoas com interesse em ajudar a iniciativa, podem entrar em contato com o grupo através do número (86) 9 8811-3113.