Policial é acusado de ameaçar advogado com arma de fogo em Pedro II

Um policial civil da delegacia do município de Pedro II, que não teve a identidade revelada, foi denunciado após ter ameaçado, com uma arma de fogo, o advogado Hartônio Bandeira nessa última quarta-feira (24). O fato ocorreu depois que o advogado se dirigiu à delegacia para acompanhar um inquérito em andamento de um cliente, e teve o acesso negado.

De acordo com o advogado Hartônio, a primeira tentativa ocorreu no dia 18 de janeiro. “Fui até a delegacia de polícia civil em Pedo II, tentei contato com delegado mas não consegui. Posteriormente, registrei, via WhatsApp, a necessidade de receber documentos. Não fui atendido. Retornei [ontem] a delegacia, e, conforme primeiro vídeo, não fui atendido e informado que teria que aguardar meia hora do lado de fora. Sai, aguardei no veículo. Passado 30 min, adentro na dependência da DP e o mesmo agente sai transtornado, informando que não atenderia, eu usei a palavra mágica: tenho prerrogativas para adentrar (art 7. VI b lei 8.906/94). Ele saca a arma, diz que sou folgado e que vai atirar (…)”, contou o fato nas redes sociais.

Ainda conforme Hartônio, o delegado de Pedro II, Adalberto Paulo, conteve o agente. “Puxei minha arma, aquela carteira vermelha da OAB, surrada após 12 anos de uso, totalmente municiada pela minha mente que ainda me permite estudar e com a confiança do colete, que é a proteção divina, e com a sorte de ter aparecido alguém pra filmar, pude estar contanto essa história”, finalizou o advogado.

O presidente do Sindicato de Policiais Civis do Piauí (Sinpolpi), Toni Boson, por meio de nota, lamentou a ocorrência e afirmou que o sindicato não defende a conduta adotada pelo policial envolvido no caso.

Confira a nota do Sinpolpi

Como presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Piauí (Sinpolpi) e como cidadão piauiense, lamento a ocorrência do fato, devemos sempre manter a paz e evitar excessos. Não defendemos a conduta do policial civil, pois o profissionalismo deve vir acima de tudo, porém, o que fica de reflexão e alerta é que esse caso isolado pode vir a se repetir por conta da total falta de estrutura para o trabalho do policial civil. Atualmente, o Sinpolpi vem recebendo inúmeros relatos de policiais que estão esgotados física e mentalmente. Não há estrutura, não há valorização, não há pessoal suficiente para a demanda que só cresce a cada dia. Muitas vezes, principalmente em delegacias do interior, os policiais civis fazem plantões sozinhos, não podem descansar, não podem comer direito, não podem fazer necessidades fisiológicas pois precisam realizar inúmeros atendimentos, além de resguardar o prédio do distrito policial. A longo prazo, nenhum ser humano é capaz de suportar uma situação como essa diariamente. Em meus 34 anos de Polícia Civil, conheço bem essas situações, pois já tive que enfrentar muitas delas. Diante dessa situação o que podemos é lamentar e cobrar a apuração do caso por parte da Corregedoria da Polícia Civil que, seguramente, trará à luz todo o caso e as ações de ambas as partes, só assim poderemos emitir juízo e cobrar para que as devidas providências sejam tomadas.

OAB Piauí

Em defesa das prerrogativas do Advogado Hartônio Bandeira, a OAB Piauí esteve na Delegacia Geral de Polícia Civil, na manhã desta quinta-feira (25), para representar, administrativa e criminalmente, o Agente de Polícia Civil da Cidade de Pedro II que atentou contra as prerrogativas do Advogado no pleno exercício da profissão.

O Presidente da OAB Piauí, Celso Barros Coelho Neto, afirmou que nenhuma violação das prerrogativas da Advocacia ficará impune. “Por conta deste fato, solicitamos providências junto ao Delegado Geral, Luccy Keiko, para o afastamento imediato do policial que feriu as prerrogativas da Advocacia na cidade de Pedro II, até que sejam concluídas as investigações e apurações do ocorrido”, frisou.

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