Bolsonaro tira general do primeiro escalão do governo e coloca nos Correios

O presidente Jair Bolsonaro decidiu exonerar mais um general do primeiro escalão do governo. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, general Floriano Peixoto, deixará o cargo. Em troca, ele vai assumir a presidência dos Correios no lugar do também general Juarez Aparecido de Paula Cunha, demitido em público por Bolsonaro na semana passada.

Será a segunda troca na Secretaria-Geral em menos de seis meses de governo. Gustavo Bebianno, que assumiu a função no início da gestão Bolsonaro, foi demitido em fevereiro após desentendimentos com o presidente e com um de seus filhos, Carlos Bolsonaro.

O general Peixoto, que foi secretário executivo de Bebianno, é próximo de Carlos Alberto dos Santos Cruz, demitido na semana passada da Secretaria de Governo. Bolsonaro afirmou que convidou Santos Cruz para assumir os Correios. Em entrevista à revista Época, porém, o general negou ter recebido a oferta e disse que não aceitaria, pois considera “inapropriado” sair da condição de ministro para ser subordinado a outro ministério. 

Esta é a quarta baixa da ala militar no governo de Bolsonaro em menos de duas semanas. Além de Cunha, Santos Cruz e Peixoto, o general Franklimberg Ribeiro de Freitas foi exonerado do comando da Fundação Nacional do Índio (Funai) na terça-feira da semana passada, conforme antecipou o jornal O Estado de S. Paulo

Substituto

O presidente Jair Bolsonaro anunciou na manhã desta sexta-feira (21) o advogado e major da Polícia Militar Jorge Antonio de Oliveira Francisco para assumir a Secretaria-Geral da Presidência da República, no lugar de Floriano Peixoto Neto que, por sua vez, vai assumir a presidência dos Correios.

Pouco antes do anúncio oficial as informações foram antecipadas ao blog pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. É a quarta troca de ministros em quase seis meses de governo.

Bolsonaro anunciou as mudanças em pronunciamento à imprensa, no Palácio do Planalto, ao lado de Floriano Peixoto Neto e Jorge Antonio de Oliveira Francisco.

Floriano Peixoto Neto substitui o general Juarez Cunha, que teve a demissão anunciada por Bolsonaro na semana passada, durante encontro com jornalistas.

O presidente justificou a demissão pelo comportamento “sindicalista” de Cunha, que se manifestou contrários à privatização dos Correios, avalizada pelo presidente.

Jorge Antonio de Oliveira Francisco será o terceiro ministro a comandar a pasta em quase seis meses de governo. Antes dele passaram pela pasta Gustavo Bebianno e Floriano Peixoto.

Oliveira trabalha desde o início do governo Bolsonaro à frente da Subchefia de Assuntos Jurídicos (SAJ), órgão que analisa a legalidade dos atos presidenciais.

Correios

A troca foi decidida após o então presidente dos Correios, general Juarez Cunha, se opor ao plano do governo de privatizar a estatal. Acusado de “agir como sindicalista” por Bolsonaro, Cunha teve sua demissão anunciada pelo presidente durante um café da manhã com jornalistas há uma semana. Na ocasião, Bolsonaro se referia a uma audiência pública na Câmara em que Cunha pregou contra a venda dos Correios e posou para fotos ao lado de parlamentares da oposição. 

A privatização está nos planos do governo para enxugar a máquina pública. Apesar disso, o Ministério da Ciência e Tecnologia, comandado por Marcos Pontes, tem defendido mais reflexão sobre a estratégia para as empresas que estão sob sua tutela, incluindo os Correios, que tem mais de 100 mil funcionários. 

Mudanças

Com a mudança na Secretaria-Geral, Bolsonaro soma quatro mudanças em sua equipe ministerial em quase seis meses de governo. As outras mudanças foram:

  • Secretaria-Geral: Floriano Peixoto no lugar de Gustavo Bebianno
  • Educação: Abraham Weintraub no lugar de Ricardo Vélez Rodríguez
  • Secretaria de Governo: Luiz Eduardo Ramos no lugar de Carlos Alberto dos Santos Cruz

Bolsonaro afirmou que não “há previsão” de novas mudanças no primeiro escalão do governo e reconheceu que a articulação política tinha problemas.

Nesta semana, Bolsonaro tirou a articulação junto ao Congresso de Onyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil, e passou a atribuição para o general Luiz Eduardo Ramos, que assumirá a Secretaria de Governo.

Onyx, por sua vez, comandará o Programa de Parceria de Investimentos (PPI), responsável pelas concessões e privatizações.

Fonte: Estadão Conteúdo e G1