Metroviários ameaçam abrir temporada de greves no governo Ibaneis

Os servidores públicos do Distrito Federal prometem aumentar o nível de pressão sobre o Palácio do Buriti. Depois dos alertas do governador Ibaneis Rocha acerca dos problemas nas contas locais para pagar os reajustes prometidos, principalmente com a recente decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), as categorias ameaçam inaugurar a temporada de paralisações na gestão do emedebista. A primeira pode começar já neste sábado (13). Os metroviários marcaram assembleia com indiciativo de greve, na Praça do Relógio, em Taguatinga.

O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários do Distrito Federal (Sindmetrô-DF) pretende discutir o descumprimento de cláusulas do acordo coletivo, de negociações e de decisões judiciais, entre outros pontos. Segundo a diretora de Comunicação da entidade, Renata Campos, os servidores estão há cinco anos sem reposição salarial e não receberam nem o que foi garantido pela Justiça. “Vamos dar um basta ao descaso do Metrô-DF com os trabalhadores e a população.”

Recentemente, o GDF perdeu a briga no TCU pelo direito de ficar com o Imposto de Renda que incide sobre os soldos e benefícios pagos a categorias profissionais cujos salários são bancados pelo Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF). Dessa forma, o DF precisará devolver R$ 10 bilhões à União e não poderá mais ficar com a verba arrecadada anualmente – cerca de R$ 700 milhões. Na data em que completou 100 dias de gestão, Ibaneis afirmou que poderá “cortar tudo” caso não consiga reverter a decisão.

Na esteira das reclamações, o Sindicato dos Servidores da Administração Direta (Sindireta-DF) também não descarta uma mobilização geral se Ibaneis não cumprir as promessas de campanha. O discurso foi inflamado após a declaração do chefe do Executivo de que, devido à sentença do TCU, priorizará grupos que ainda não foram beneficiados nos últimos anos, como o dos policiais civis.

Professores

O Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) também está com “o sinal de alerta ligado”. “Ao anunciar tantas dificuldades e problemas orçamentários, o governador acaba antecipando que não há mais o que se fazer. E os professores não aguentam mais”, ressaltou Rosilene Corrêa, diretora da entidade.

A sindicalista condena a possibilidade de se priorizar algumas profissões. “Se é por justiça, os professores têm de estar no topo da lista, porque eles têm os salários mais defasados e estão vivendo um processo de empobrecimento que não acaba. A questão do TCU não pode ser desculpa, mesmo porque o governador foi eleito para ser gestor e administrar adversidades e dificuldades”, completou.

Recurso

Em entrevista, Ibaneis disse que ingressará no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do TCU. “Espero conseguir uma liminar que vai nos garantir esse recurso, pelo menos enquanto durar a liminar, enquanto houver o julgamento do mérito da matéria”, afirmou. No entanto, segundo o governador, caso não tenha sucesso, ele já sabe de onde vai cortar as despesas.

“Tenho, por exemplo, as pecúnias dos servidores, que a gente tem o acordo de pagar um tanto, e eu estava aumentando. Vou ter de diminuir o ritmo de pagamento. Tenho a questão dos médicos, que aumentei as horas extras para poder acabar com as filas. Paguei R$ 17 milhões deles, para poder animá-los a irem ao trabalho. Então, são coisas desse tipo que vamos ter de cortar. É o preço que se paga. Tenho que ajustar”, disse o emedebista.

Fonte: Metrópoles