MDB confirma Simone Tebet como candidata à presidência do Senado

O MDB, maior bancada do Senado com 15 membros, confirmou nesta 3ª feira (12.jan.2021) o nome de Simone Tebet (MDB-MS) como candidata da sigla à presidência da Casa. O partido decidiu entre Tebet e Eduardo Braga (MDB-AM), líder da bancada.

“A independência no comando do Legislativo é de fundamental importância nesse período de crise, em que o interesse público precisa estar acima de qualquer disputa ideológica e política na reconstrução da economia e na imunização universal e gratuita contra a covid-19”, disse a bancada em nota.

Tebet ainda não tem nenhum apoio oficial anunciado e começa com os 15 votos de sua própria bancada enquanto seu concorrente, Rodrigo Pacheco, se consolidou nas últimas semanas e está a 3 apoios de já ter virtualmente a quantidade necessária para vencer, que são 41 votos.

Mais cedo nesta 3ª feira (12.jan), Eduardo Braga já havia começado a avisar seus colegas de bancada que desistiria de concorrer pelo apoio do MDB dizendo que Tebet teria mais potencial de angariar votos fora da sigla.

“Achei uma grandeza bastante significativa do Eduardo Braga que reconheceu..o importante na vida da gente é a gente reconhecer as nossas limitações em determinados momentos”, disse Berger ao narrar contato de Braga.

Tradicionalmente, o presidente do Senado é da maior bancada. Para que isso não ocorra, são necessárias condições muito específicas, como as vistas na eleição de Alcolumbre, em 2019. Na ocasião, o MDB rachou em torno de Renan Calheiros e Simone Tebet e acabou optando pelo senador alagoano.

Como a votação para presidente é secreta, entretanto, há o risco de traições. O MDB chegou a ter 4 postulantes a candidato da sigla e, por mais que pregue discurso de união na bancada, esse cenário pode não se concretizar em 1º de fevereiro, data da eleição.

Pacheco conseguiu o apoio de mais 2 partidos na 2ª feira (11.jan) e chegou ao potencial de 28 votos na disputa. Na última semana, Pacheco fechou 3 apoios e se consolidou na dianteira da corrida eleitoral. Conta com a palavra de PSD (11), PT (6), DEM (5), Pros (3), Republicanos (2) e PSC (1).

O PL, que anunciou apoio ao mineiro nesta 3ª feira (12.jan), faz parte do bloco Vanguarda no Senado, que reúne DEM, PSC e PL.

Com PL e PP, que deve anunciar seu apoio nesta 4ª feira (13.jan), o nome apoiado pelo atual presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP) e Jair Bolsonaro, chegaria a prováveis 38 votos e estaria a 3 votos de vencer o pleito (são necessários ao menos 41 votos para isso).

“É a primeira vez que vejo, desde o tempo em que estou aqui, que vejo uma eleição que está sendo discutida tão antes da hora. A eleição do Senado sempre foi muito diferente da eleição na Câmara. É uma eleição voto a voto, passo a passo, importa, sim, as bancadas, mas não podemos esquecer que aqui estamos falando de senadores acima, que são maiores, muitas vezes, que suas bancadas”, disse Tebet.

Tebet tem boa relação com o Podemos e o PSDB, que formaram bloco único para negociar durante a eleição. Juntos têm 16 votos, mas ainda não anunciaram um apoio oficial. Há uma corrente no Podemos que gostaria de ver Pacheco eleito, o que pode atrapalhar os planos da senadora de conseguir todos os votos do bloco.

Nesta 3ª feira o MDB filia mais 2 senadores: Rose de Freitas (ex-Podemos) e Veneziano Vital do Rêgo (ex-PSB). Por isso o ponto de partida de Tebet será de 15 votos, e Pacheco ficou 1 a menos na contagem.

Isso porque Ney Suassuna (Republicanos-PB) estava engrossando as fileiras de Pacheco, mas é suplente de Vital do Rêgo, que voltará a tempo da eleição e deve votar junto com seu novo partido.

O grupo independente “Muda, Senado” também pode render votos à Tebet, já que há uma forte rejeição ao presidente Jair Bolsonaro, que apoia Pacheco. Há ainda partidos de oposição, que falhou em agir como bloco único e rachou com o PT apoiando o nome de Alcolumbre.

“O jogo voltou à estaca zero. Estamos falando de 15 senadores, não estamos começando no vazio. Não estamos começando numa aventura…Estaremos dialogando e conversando com PSDB, Podemos, com o Cidadania, PSL, estou falando de partidos que não declararam apoio a nenhum candidato, começaremos por ele, mas, sim, procuraremos todas as bancadas, não só através dos líderes como dos seus senadores.”

ACENO A BOLSONARO

Apesar de já ter dito que apoia Rodrigo Pacheco para presidente do Senado, Tebet disse que o MDB procurará o presidente Jair Bolsonaro para conversar. Segundo ela, a independência pregada por sua campanha não significa oposição a Bolsonaro.

“A independência não significa oposição ao governo como muitos querem. A independência significa independência com harmonia para ajudar o governo nas pautas prioritárias do país. Significa uma independência harmônica a favor do Brasil, que precisa mais do que nunca da força do Senado Federal.”

A senadora disse ainda que o momento é de harmonia entre os poderes e que sua candidatura não visa tensões entre as instituições e que buscará uma agenda prioritária na economia em conjunto com o Executivo.

“Esse é um momento de harmonia. Ou nós entendemos que a independência significa harmonia ou nós vamos descontrair esse país. Nós temos agora que pensar em conjunto com o executivo uma pauta econômica prioritária, urgente, que precisa de uma aprovação mais do que relâmpago dentro daquilo que for consenso para que a gente possa voltar a retomada do desenvolvimento.”

AUXÍLIO EMERGENCIAL

Perguntada sobre uma possível manutenção do auxílio emergencial, que foi encerrado em dezembro de 2020, a senadora disse que essa agenda não é do MDB e sim um compromisso com o país.

“O auxílio emergencial, observando os critérios de responsabilidade fiscal, do limite de teto de gastos, ainda que com menor valor, tem que, sim, estar na agenda de qualquer candidato, para ser tratado com os líderes.”

Fonte: Poder 360