De onze mulheres mortas por feminicídio no Piauí este ano, dez foram no interior

A violência doméstica e familiar é um problema muito grave no Piauí. Dói meu coração quando uma mulher de nosso Estado morre menosprezada ou discriminada somente pela condição de ser do sexo feminino.

Segundo relatório sobre a criminalidade feito pela Secretaria de Segurança, nos quatro primeiros meses do ano de 2019, as mulheres do interior do Estado foram as maiores vítimas de feminicídio. De acordo com os números estatísticos da Secretaria, de 11 mulheres mortas, apenas uma foi assassinada na capital Teresina.

Alguns casos repercutiram muito na imprensa pela forma bárbara de execução da mulher. Como o caso da jovem Maria Aparecida, de 18 anos, assassinada a facadas na cidade de Itainópoles pelo tio.

Maria estava grávida de seu primeiro filho e um monstro ceifou covardemente a vida dos dois por conta do machismo cabôclo de um homem interiorano.


Maria estava grávida

De acordo com o advogado João Paulo, especialista em direitos humanos, com pesquisas na área de gênero, os números de feminicídio no Piauí são alarmantes por conta da naturalização que habitua o imaginário da maioria dos homens de que as mulheres são propriedades suas.

“O aumento do número de feminicídios no interior do Piauí não foge a regra, sobretudo, se pensarmos que a maioria das municipalidades do Estado ainda possui forte base patriarcal.” afirmou João.

Segundo o estudioso, a falta de aparato estatal para que as vítimas se distanciem dos seus potenciais agressores é outro ponto que facilita a ocorrência dos crimes.

“O feminicídio configura o fim, muitas vezes, de um ciclo de violências domésticas, que, por vezes, se perpetua por longos períodos na vida das vítimas.” finalizou ele.