"Ele não foi imprudente, tinha a intenção de matar", diz delegada sobre condenação de Thiago Mayson

Neste final de semana, o julgamento de Thiago Mayson da Silva Barbosa, acusado de estuprar e assassinar a estudante Janaína Bezerra, gerou indignação devido à sentença proferida. Mesmo diante de um crime brutal, Thiago foi condenado a 18 anos e seis meses de prisão. 

delegada Nathalia Figueiredo, titular do Núcleo de Feminicídio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e responsável pelo caso, expressou surpresa com a decisão do tribunal, afirmando que as evidências apontavam claramente para um homicídio doloso qualificado, ressaltando o aspecto cruel do ato e a intenção do agressor em ceifar a vida da vítima.

“Em nenhum momento da investigação foi admitido a ideia do homicídio culposo. Ficou bastante claro que Thiago assumiu o risco de causar a morte da vítima. Houve um homicídio doloso qualificado, tanto pelo feminicídio, dado que a vítima era mulher, quanto pelo pelo meio cruel, conforme atestado pelo laudo cadavérico que indicou que Janaína foi submetida a um intenso sofrimento físico e psicológico”.

Nathalia Figueiredo Delegada

O julgamento de Thiago Mayson já havia sido adiado por duas vezes antes de ser remarcado para o dia 29 de setembro. Ele estava sendo julgado por quatro crimes: homicídio, vilipêndio de cadáver por manter relação sexual com a vítima já sem vida, estupro de vulnerável e fraude processual.

Apesar da sentença, a acusação planeja recorrer, contestando a interpretação do júri. De acordo com Nathalia Figueiredo, os advogados de acusação acreditam que houve certa confusão ao ter sido considerado que Thiago Mayson cometeu um homicídio culposo, ou seja, quando não há intenção de matar.

“Pelo o que vimos, a assistente de acusação pretende recorrer. Ela acredita que o júri tenha se confundido. Quando falamos em homicídio culposo, traz a ideia de imprudência. Mas, ele não foi imprudente, a vida da vítima era indiferente para ele. Ele queria praticar a violência sexual de forma brutal, e isso ele fez. E foi tão brutal que a vítima veio a óbito. Então, não foi um homicídio culposo, não houve imprudência. Ele assumiu o risco de causar a morte da vítima”, destaca a delegada. 

Em meio a sensação de impunidade, Nathalia Figueiredo faz um apelo para que situações como essa não desencorajem as mulheres a denunciarem casos de violência, destacando a importância de enfrentar o feminicídio e suas formas de manifestação.

“Chega a ser frustrante uma situação como essa, mas não vamos esmorecer. Peço que situações como essa não desestimulem as mulheres com relação às denúncias. Que elas continuem denunciando, pois muitas vidas estão sendo salvas pela denúncia”, acrescenta a delegada. 

Fonte/créditos PORTAL O DIA