Governo Bolsonaro corta 44% de verbas das Forças Armadas

Com uma crise deflagrada entre militares e “olavistas†no governo, o alto comando das Forças Armadas foi comunicado nesta terça-feira, 7, que precisará aumentar o contingenciamento inicialmente previsto nos recursos destinados à Defesa. Antes de 21%, agora o bloqueio será de 44% dos R$ 13,1 bilhões do orçamento da área, o equivalente a R$ 5,8 bilhões. Só é menor do que o corte previsto na Educação, de R$ 7,3 bilhões.

A notícia foi dada durante almoço do presidente Jair Bolsonaro com os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. O ministro da Defesa, Fernando de Azevedo e Silva, também participou do encontro, que ocorreu no Quartel-General do Exército, em Brasília.

Na ocasião, os militares ouviram promessa de que o Ministério da Defesa trabalha com a expectativa de recuperação da economia e desbloqueio dessa verba para não afetar os projetos estratégicos e prioritários em andamento. O mesmo discurso foi adotado mais tarde pelo porta-voz da Presidência, general Otávio do Rêgo Barros.

“Com a aprovação da nova Previdência e outras ações estruturantes, o governo entende que pode reacomodar esse orçamento, não só no Ministério da Defesa, mas em todos os outros envolvidos que foram contingenciadosâ€, disse.

Caso os recursos não retornem aos orçamentos até setembro, como esperado, oficiais-generais ouvidos pelo Estado afirmam que a situação nos quartéis ficará “críticaâ€.

“O bloqueio decorre da necessidade de adequação à lei orçamentária e ao teto de gastosâ€, disse Rêgo Barros. Segundo ele, os recursos bloqueados incidem apenas no que era esperado para o segundo semestre deste ano, o que não atrapalhará a execução de obras e programas que estão em andamento.

Militares ouvem apelos de Bolsonaro para encerrar polêmicas com Olavo de Carvalho

Militares também ouviram apelos de Bolsonaro para que cessem as polêmicas com o escritor Olavo de Carvalho, considerado “guru do bolsonarismoâ€. Nas últimas semanas, Olavo tem feito críticas a integrantes do governo, como o vice-presidente, Hamilton Mourão, e o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz. Na segunda, após o ex-comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, dizer em entrevista ao Estado que Olavo presta um “desserviço ao Paísâ€, o guru voltou às redes sociais para novos ataques. Desta vez, sem tréplicas dos militares.

Questionado se também iria pedir a Olavo de Carvalho para baixar o tom em relação aos militares, Bolsonaro se esquivou. “Olavo é dono do seu nariz, assim como eu sou dono meu nariz e você é do seuâ€, disse. “Eu recebo críticas muito graves e não reclamo. O pessoal fala muito em engolir sapo e eu engulo sapo pela fosseta lacrimalâ€, completou, demonstrando irritação e encerrando uma entrevista após evento no Palácio do Planalto.

Auxiliares do presidente tentam contornar a crise para que o foco seja mantido na reforma da Previdência, prioridade do governo, mas que enfrenta resistências no Congresso.

Coube ao atual chefe de Villas Bôas, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, dar o último recado de Bolsonaro. “A postura do presidente foi muito clara e muito lúcida. Diante de todos os fatos que já aconteceram, ele determinou que a gente virasse a página disso e deixasse de alimentar essa discussão, que não tem de acrescentado nada e que a melhor solução daqui pra frente é o silêncioâ€, afirmou em entrevista à GloboNews.

Fonte: Estadão Conteúdo