EUA dizem que não concordam com comentários de Lula e não veem genocídio em Gaza

Os Estados Unidos afirmaram que não concordam com a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre estar acontecendo um genocídio na Faixa de Gaza e a comparação da operação militar de Israel com o Holocausto.

A declaração foi feita nesta terça-feira (20) por Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, enquanto respondia perguntas de repórteres.

“Obviamente, nós discordamos desses comentários. Fomos bastante claros que não acreditamos que um genocídio ocorreu em Gaza. Queremos ver o conflito encerrado tão cedo quando for possível. Queremos ver aumento sustentado de ajuda humanitária para civis em Gaza, mas não concordamos com esses comentários”, disse Miller.

Entretanto, Miller não detalhou se Antony Blinken, principal diplomata dos EUA, deve abordar o assunto com autoridades brasileiras durante a passagem pelo Brasil para a reunião do G20, nesta semana.

Ainda assim, destacou que os Estados Unidos “engajaram com o Brasil em uma série de assuntos e não espero que isso mude”.

A linha do tempo da crise diplomática entre Brasil e Israel

Domingo (18)

Lula diz que Exército israelense comete genocídio contra os palestinos e faz comparação ao Holocausto

Netanyahu diz que Lula deveria ter “vergonha de si” e presidente “cruzou linha vermelha” com comparação

Segunda-feira (19)

Chanceler israelense leva embaixador brasileiro em Tel Aviv para reunião no Museu do Holocausto, em Jerusalém, diante da imprensa

Ao final da reunião, Israel anuncia à imprensa que Lula é “persona non grata” até se retratar por declaração 

Ainda na segunda (19), o assessor especial de assuntos internacionais da Presidência, Celso Amorim, diz à CNN que Lula não vai se desculpar.

No mesmo dia, já de volta ao Brasil, Lula reuniu Amorim e outros ministros palacianos no Palácio do Alvorada para discutir a crise diplomática e os próximos passos do Brasil.

Com o tamanho da repercussão da declaração do presidente sobre o Holocausto, deputados federais da oposição começaram a esquematizar um pedido de impeachment de Lula. Já os parlamentares da base defenderam e minimizaram o impacto da fala.

Durante a tarde, a primeira-dama, Janja, publicou nas redes sociais que a fala de Lula “se referiu ao governo genocida e não ao povo judeu. Sejamos honestos nas análises”.

Após a reunião no Alvorada, o governo brasileiro decidiu chamar de volta ao país o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer.

Já durante à noite de segunda (19), foi confirmado que o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, se reuniu, à tarde, por aproximadamente meia hora, com o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine, em que demonstrou “surpresa e desconforto” com a postura do governo israelense.

De acordo com as fontes, Vieira usou um tom cordial, mas firme, em defesa do posicionamento adotado pelo Brasil.

Terça-feira (20)

Nesta terça-feira (20), o embaixador Frederico Meyer embarcou em Tel Aviv para retornar ao Brasil após decisão do governo Lula.

Até às 11h desta terça, 113 deputados haviam assinado o pedido de abertura de um processo de impeachment de Lula.

Por volta de meio-dia, o chanceler israelense Israel Katz fez um novo pedido de retratação do presidente através de suas redes sociais.

Fonte:CNN