Caso Marielle: Moraes homologou delação de Ronnie Lessa, diz Lewandowski

O Ministro Ricardo Lewandowski declarou, na noite desta terça-feira (19), que o Supremo Tribunal Federal homologou a delação do ex-policial militar Ronnie Lessa. Ele é um dos suspeitos de participação na morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em 2018.

O processo segue em segredo de justiça. O ministro diz acreditar que, em breve, o caso terá resultados concretos. “Traz elementos importantíssimos, que nos levam a crer que a solução do assassinato da vereadora Marielle Franco”, diz ministro.

Relembre a investigação

A investigação sobre o caso ficou a cargo da Delegacia de Homicídio da Capital (DHC). Ainda em março de 2018, alguns dias após o crime, um grupo de promotores foi designado a pedido da 23ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal para auxiliar a Polícia Civil.

Em setembro do mesmo ano, o acusado de chefiar uma milícia Orlando Curicica, encarcerado no Presídio Federal de Mossoró, foi ouvido pelos investigadores após ser acusado por uma testemunha de envolvimento na morte. Curicica nega participação e menciona o ‘Escritório do Crime’, do qual fazia parte.

O testemunho do miliciano abre caminho para outras investigações que avançaram sobre o crime organizado no Rio de Janeiro. Em maio deste mesmo ano, além do nome de Orlando, o ex-vereador Marcello Siciliano também é mencionado por uma testemunha, por suposto envolvimento na morte de Marielle.

Posteriormente, uma investigação da Polícia Federal descartaria a participação de Curicica e Siciliano no crime.

A primeira fase de investigações é encerrada em março de 2018, quando Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são presos e denunciados por homicídio doloso junto ao 4º Tribunal do Júri da Capital. Lessa teria sido o atirador e Queiroz o motorista do carro na emboscada que matou a vereadora e o motorista. Eles devem ir a júri popular pelo crime e seguem presos em um presídio de segurança máxima.

Em junho de 2020, o sargento do Corpo de Bombeiros Maxwell Simões Corrêa, mais conhecido como Suel, é preso em uma operação da Polícia Civil. Ele é acusado de ter ajudado a esconder a arma que foi usada no crime. O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) pediu, em março de 2024, que ele também seja submetido ao julgamento pelo Tribunal de Júri.

A última prisão do caso ocorreu em fevereiro deste ano, quando a Polícia Federal e o MPRJ prenderam um homem acusado de descartar o veículo usado durante os assassinatos. O homem, dono de um ferro-velho, teria realizado o desmanche do carro. Segundo apurado, o nome dele é Edilson dos Santos, conhecido como “Orelha”.

Com isso, quatro pessoas estão presas pelo crime. Porém, o mandante e a motivação ainda não foram revelados pela polícia.

Em julho do ano passado, o ex-policial militar Élcio Queiroz, preso desde 2019 suspeito de participação nos assassinatos, firmou uma delação com a Polícia Federal.

Na delação, Queiroz confirmou participação no crime, apontou o policial reformado Ronnie Lessa como executor e acusou, também, o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, como o responsável por fazer ‘campana’ e seguir os passos de Marielle, além de levar o carro usado no crime para um desmanche.

Queiroz também apontou que o policial militar Edmilson da Silva de Oliveira, conhecido como Macalé, é quem teria passado a “missão” de matar Marielle para Ronnie Lessa no fim de 2017. Macalé foi assassinado em maio de 2021, em homicídio até hoje não esclarecido.

Já em janeiro deste ano, foi a vez de Ronnie Lessa firmar um acordo de delação com a PF.

Lessa entregou à Polícia Federal o nome de duas pessoas supostamente envolvidas no crime. Uma delas é Domingos Brazão, ex-deputado estadual e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ). Segundo pessoas a par das investigações, Lessa apontou Brazão como mandante. Brazão nega veementemente.

Outro nome citado foi o de Jomar Duarte Bittencourt Júnior, conhecido como Jomarzinho. Ele teria vazado informações sigilosas sobre a apuração do caso.

No começo deste ano, o então secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, afirmou que o caso será esclarecido e tudo indica que não demorará.

“O que faltou durante os últimos anos foi vontade política. Em pouco mais de um ano, com a ação técnica e determinada da Polícia Federal, sempre com todo apoio do Ministério da Justiça, o inaceitável assassinato de Marielle e Anderson será esclarecido. E tudo indica que não demorará”, comentou.

O inquérito, segundo a Polícia Federal, está em fase de avanço nas investigações.

Fonte: CNN