O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, parece estar lentamente perdendo a aura de esteio do mercado financeiro no governo Lula. E o pior, a culpa é dele mesmo.
De julho para cá, quando despontou como o namoradinho da Faria Lima, o petista tem colecionado gafes e insistido em uma visão claramente dissociada da realidade econômica nacional, minando o voto de confiança afiançado disfarçadamente por personalidades do mercado financeiro.
primário passou de 20% (entre os que entendiam o cenário como favorável) para quase zero.
Vale lembrar que o ministro tem insistido que o país irá zerar o déficit primário no ano que vem. No Boletim Focus (relatório do Banco Central que ouve dezenas de economistas e analistas semanalmente), as projeções indicam um déficit de pelo menos 0,73% do PIB (Produto Interno Bruto) no fim do ano que vem e, se considerados só as opiniões colhidas nos últimos cinco dias anteriores ao fechamento da pesquisa, o número se aproxima de 1%. No final de agosto, esse número alcançou o menor patamar recente, em 0,71%.
Após a apresentação do Orçamento para o ano que vem, e a divulgação de ideias e planos criativos para reequilibrar as contas nacionais, a esperança parece se esvair aos poucos entre receitas superestimadas ou demasiadamente otimistas e despesas menores que os compromissos assumidos.
A habilidade política que fora apontada por muitos na Faria Lima como a principal qualidade do ministro de Lula vem perdendo o brilho conforme propostas relacionadas a medidas para aumento de arrecadação atrasam no Congresso Nacional, enquanto as de incremento de despesas passam sem muitas dificuldades.
A crítica ao poder exagerado da Câmara dos Deputados feita por Haddad em uma entrevista que o presidente da casa legislativa, Arthur Lira, classificou como excessivamente relaxada parece ter custado caro para a equipe econômica. Desde o pocket show de voz e violão do ministro, pouco sobrou daquela notoriedade. Se fosse repetir a apresentação, certamente, o repertório atual seria muito mais parecido com um clássico de Chico Buarque “Geni e o Zepelim”.
Fonte:O ANTAGONISTA