Primeiro lote de vacina da Rússia para Covid-19 já começou a ser produzido, diz governo

Moscou- A Rússia já começou a produção do primeiro lote de sua vacina  para a Covid-19, segundo informou o Ministério da Saúde do país  neste sábado. Sob desconfiança da comunidade internacional, o insumo “Sputnik V”, feita pelo Instituto de Pesquisa Gamaleya, é a aposta do governo russo para chegar à frente na corrida por um imunizante contra o novo coronavírus.

A Rússia foi o primeiro país a registrar uma vacina contra a Covid-19, que já matou mais de 760 mil pessoas no mundo e contaminou mais de 21 milhões. O país, no entanto, não apresentou ensaios clínicos sobre a eficácia e a segurança do insumo. Especialistas de vários países, como Anthony Fauci, um dos principais epidemiologistas dos EUA, dizem temer que, com essa rápida aprovação regulatória, Moscou esteja colocando o prestígio nacional antes da segurança em meio à corrida global para desenvolver uma vacina contra a doença.

Sua aprovação vem antes de testes que normalmente envolveriam milhares de participantes, comumente conhecidos como Fase III. Esses ensaios são geralmente considerados precursores essenciais para garantir aprovação regulamentar. Pesquisa divulgada na última terça mostrou que a maioria dos médicos russos não se sentiria confortável em receber doses da vacina. 

A Rússia informou que a vacina será lançada até o final deste mês. O presidente Vladimir Putin garantiu ao público que ela é segura, acrescentando que uma de suas filhas tomou o insumo como voluntária e se sentiu bem depois.

Paraná e Rússia assinaram parceria para produção da vacina

O diretor-presidente do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Jorge Callado, afirmou que o governo do Paraná assinou um memorando de entendimento com o governo russo e que um grupo de trabalho começará as “tratativas técnicas” para aquisição e produção da vacina no estado.

Callado enfatizou que o acordo só valerá de fato após acesso a dados sobre testes e eficiência da imunização, o que não deve acontecer antes de um mês, e a aprovação das entidades regulatórias brasileiras.

— A produção só começará após a aprovação de todos os órgãos regulatórios, como a Anvisa e a Comissão Nacional de Ética e Pesquisa. E, claro, com a consonância da OMS, que é fundamental. Não teremos passos apressados, nem vamos queimar etapas. Vamos seguir todas as etapas técnico-científicas necessárias — afirmou em coletiva de imprensa.