PF deflagra fase 62 da Lava Jato e mira presidente do grupo Petrópolis

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta, 31, a 62ª. fase da Operação Lava Jato, denominada Rock City. A ação apura o pagamento de propinas disfarçadas de doações de campanha eleitoral realizada por empresas do Grupo Petrópolis. Segundo a PF, o grupo teria auxiliado a Odebrecht a realizar pagamentos ilícitos por meio de operações dólar-cabo – troca de reais no Brasil por dólares em contas no exterior.

Cerca de 120 Policiais federais cumprem 1 mandado de prisão preventiva, 5 mandados de prisão temporária e 33 mandados de busca e apreensão em 15 diferentes municípios – Boituva, Fernandópolis, Itu, Vinhedo, Piracicaba, Jacareí, Porto Feliz, Santa Fé do Sul, Santana do Parnaíba e São Paulo (SP); Cuiabá (MT); Cassilândia (MS); Petrópolis e Duque de Caxias (RJ); e Belo Horizonte (MG).

As ações são realizadas em cooperação com o Ministério Público Federal e com a Receita Federal.

Os mandados foram expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba-PR. A Justiça também determinou o bloqueio de ativos financeiros dos investigados.

A suspeita da Polícia Federal é de que offshores relacionadas à Odebrecht realizavam, no exterior, transferências de valores para offshores do do Grupo Petrópolis, que por sua vez disponibilizava dinheiro em espécie no Brasil para realização de doações eleitorais.

De acordo com a PF, um dos executivos da Odebrecht, em colaboração premiada, afirmou que utilizou o Grupo Petrópolis para realizar doações de campanha eleitoral para políticos de outubro de 2008 a junho de 2014. As operações teriam resultado em uma dívida não contabilizada de R$ 120 milhões entre a construtora com o Grupo investigado. Em contrapartida, a Odebrecht investia em negócios da cervejaria.

A Polícia Federal indicou ainda que há indícios de que um dos executivos do Grupo investigado, tenha regularizado irregularmente, em 2017, R$ 1.393.800.399,02, utilizando o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária (RERCT).

A PF suspeita que os ‘valores seriam provenientes da prática de “caixa dois” na empresa’. Segundo a Polícia Federal, a operação teria como origem um esquema de sonegação tributária ‘que contava com a burla de medidores de produção de cerveja, a qual era então vendida diretamente a pequenos comerciantes em espécie, sendo os valores então entregues à Odebrecht’.

Segundo a PF, o nome da operação, Rock City, em português Cidade de Pedra, tem relação com o significado das palavras gregas que remetem ao grupo investigado.

Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal no Paraná, onde serão interrogados, informou a Polícia Federal.