Cervejarias artesanais temem serem afetadas por caso Backer

As cervejas artesanais caíram no gosto dos brasileiros e impulsionaram a abertura de cervejarias nos últimos anos. Agora, o setor que cresce 20% ao ano teme pela primeira vez perder clientes diante da morte de duas pessoas após consumirem a Belorizontina, produzida pela cervejaria Backer.

“Foi um fato muito isolado, sem precedentes, Consumir as cervejas artesanais segue seguro. Para que isso não se repita e seja mantida a confiança dos consumidores, temos que apostar na transparência”, analisa o presidente da Abracerva (Associação Brasileira de Cerveja Artesanal), Carlo Lapolli, que destaca a fiscalização constante nas instalações de cervejas artesanais.

O analista de investimentos da Capital Research, Samuel Torres, observa que o recente caso de contaminação pode “ter algum impacto de imagem” no segmento das cervejas artesanais. “As pessoas podem ficar com algum receio de consumir cervejas de origem desconhecida”, prevê ele.

Dados da Abracerva apontam para a produção aproximada de até 380 milhões de litros fabricados por ano pelas cervejarias artesanais independentes instaladas em território nacional.

De acordo com o 1º Censo das Cervejarias Independentes Brasileiras, o Estado de Minas Gerais, onde está localizada a fábrica da Belorizontina, concentra o terceiro maior número de cervejarias artesanais do Brasil (13%).

Rio Grande do Sul (20%) e São Paulo (18%) lideram o ranking. “A maior arte da produção de cervejas artesanais no Brasil está concentrada no Sul e no Sudeste do país”, afirma Lapolli, que ressalta para a produção em mais de 500 municípios do Brasil. Com 3% das fábricas, a Bahia reúne o número de cervejarias fora do eixo Sul-Sudeste.

Entre as empresas entrevistadas pelo censo do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), 70% possuem entre 1 e 4 anos e somente 4% estão no mercado há mais de 10 anos. Segundo o estudo, um terço dos cervejeiros apostava no ganho de até R$ 180 mil no ano passado. Outros 3% previam o faturamento acima de R$ 4,8 milhões.

O Ministério da Agricultura, responsável pela regulamentação e fiscalização do setor, aponta o Brasil como o terceiro maior mercado de cervejas do mundo, com o faturamento de R$ 100 bilhões por ano, valor que representa 2% do PIB (Produto Interno Bruto Nacional).

Ao todo, são mais 1.190 empresas registradas para a produção de 14 bilhões de litros por ano e geração de 2,7 milhões de empregos. Somente no segmento de cervejas artesanais, o número total de funcionários soma 37 mil.

Fonte: R7