Detento do Piauí é aprovado em Administração na Uespi

“Temos que sair melhor do que entramos. A educação é para isso”, conta, feliz, Washington Barros, detento aprovado no curso de Administração, através do Exame Nacional do Ensino Médio para Pessoas Privadas de Liberdade, o ENEM PPL. Washington é um dos 166 reeducandos aprovados no ENEM em 2019 no Piauí. Um aumento de 181% em relação a 2018, quando foram contabilizadas 59 aprovações.

Detentos de diversas unidades prisionais do Piauí, como Floriano, Picos, Parnaíba e Teresina, obtiveram a média necessária para disputar vagas nas instituições de Ensino público e privado, em cursos como Física, Química e Ciências Biológicas.

Reeducando da Penitenciária Irmão Guido, em Teresina, Washington Barros, conta da expectativa para ingressar na universidade. “Espero que a Justiça permita que eu realize o curso, pois é muito importante para a nova etapa da minha vida e para a minha ressocialização completa”, diz.

Segundo o interno, a aprovação foi um misto de surpresa e felicidade. “Quando me falaram, eu nem acreditei. Aqui, aproveitamos o nosso tempo da melhor maneira, investindo no conhecimento e no estudo. Participo do Leitura Livre, fiz teatro, curso de Microempreendedor e trabalho na cozinha. Já que o sistema prisional nos dá essa oportunidade, temos que agarrar com toda a nossa vontade. Pretendo aprender tudo o que eu puder e usar na administração do negócio da minha família, o circo, quando eu sair”, conta.

O reeducando Marcelo Everton, também da Irmão Guido, é outro aprovado. Ele passou em Química na Universidade Federal do Piauí (UFPI) e enxerga a aprovação como uma superação. “Fiquei admirado comigo mesmo. Graças a essa unidade, pude fazer a prova e ver que posso dar a volta por cima. Já me sinto um vencedor. Nada melhor que a educação como ponto de partida para a ressocialização”, afirma.

Para a coordenadora de Ensino da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), Jussyara Valente, a educação proporciona novos horizontes para os privados de liberdade. “Tivemos muitas aprovações e isso é uma grande vitória para os reeducandos, familiares e todos os envolvidos nesse trabalho. É nítido o envolvimento e interesse dos internos em adquirir conhecimento e buscar novos caminhos. Basta compararmos os números dos anos anteriores, para termos a certeza de que estamos avançando”, ressalta.