O Centro de São Paulo registra, em média, um roubo a cada 30 minutos. É isso o que mostra um levantamento realizado pelo SP1 com base nos dados da Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP).
Ao todo, foram registradas 13.480 ocorrências de roubo nas oito delegacias da região central entre janeiro e julho deste ano — o maior número para o período desde o início da série histórica da secretaria, em 2001.
O 3º Distrito Policial - Campos Elíseos foi o que mais registrou assaltos.
"A estimativa é que os roubos que são notificados nas delegacias representam apenas 40%, 50% do total. Ou seja, o problema é mais grave do que parece", afirma Coronel José Vicente, conselheiro da Escola de Segurança Multidimensional da Universidade de São Paulo (USP).
O alto índice de criminalidade, associado à presença do fluxo da Cracolândia, tem impactado diretamente na vida dos moradores e comerciantes da região.
O empresário Daniel Bernardini optou por fechar a loja física de produtos de refrigeração que sua família comandava há quase 50 anos após o comércio ser invadido quatro vezes.
"Foi o segundo tombo que a gente tomou depois da pandemia. A pandemia pegou o mundo inteiro, mas a Cracolândia foi a pá de cal, foi realmente o que fez com que a gente parasse para tomar essa decisão", conta Daniel.
As circunstâncias o fizeram mudar o modelo do comércio e migrar para o ambiente virtual. "O cliente não quer saber disso. Ele sabe que a região central de São Paulo tá difícil, tá problemática. Por causa desses roubos recentes, os clientes não estão vindo mais, não só aqui, na Avenida São João, na Rua Helvétia, na Alameda Glete também".
Violência e insegurança
A região reflete a espiral da violência na capital paulista. O problema se arrasta há décadas e é tratado de diferentes formas a cada nova gestão.
Nos últimos anos, a prefeitura e o estado passaram a realizar ações policiais para dispersar usuários de drogas que ficavam concentrados em determinadas ruas.
A medida fez com que os usuários se espalhassem pela região e afetou a vida de comerciantes e moradores, que relatam o aumento da violência e insegurança.
Debate na Câmara
Por conta dos problemas, a prefeitura enviou à Câmara um projeto que propõe isentar de IPTU imóveis da região. No dia 16 de agosto, a Câmara aprovou o PL em primeira votação.
O texto recebeu 40 votos favoráveis, 6 votos contrários e 5 abstenções. Agora, o texto passará por três audiências públicas antes de retornar ao plenário para a segunda votação.
A primeira audiência pública, da Comissão de Política Urbana, ocorreu no dia 18 de agosto, às 11h. A segunda ainda não tem data definida.
Na terceira, também ainda não marcada, a Câmara vai apresentar um texto substitutivo com possíveis alterações ao original.
O líder do governo, vereador Fabio Riva (PSDB), disse que para aumentar o número de imóveis será necessário apresentar um estudo de impacto e também de responsabilidade fiscal.
O PT votou contra, e a bancada do PSOL se absteve. O vereador Senival Moura (PT), líder da oposição na Câmara, afirmou que, dos 947 imóveis contemplados pelo projeto, 619 não estão nos trechos indicados pelo Executivo. E que 46% dos contemplados já são isentos do IPTU.