Magda Chambriard diz que preços de combustíveis seguirão “abrasileirados”

A nova presidente-executiva da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou nesta segunda-feira (27) que a política de preços de combustíveis da estatal seguirá “abrasileirada” em sua gestão, em linha com os procedimentos implantados na administração anterior, em 2023.

Em sua primeira entrevista a jornalistas, Chambriard disse que não é justo “contaminar” os preços da companhia com as volatilidades do mercado internacional.

A executiva, que tomou posse na sexta-feira passada, lembrou que a Petrobras é uma empresa de economia mista, que será “perfeitamente” capaz de dar retorno a acionistas privados ou à União, que é a controladora.

Para ela, a produção de petróleo e gás no pré-sal é garantia de segurança energética do país, enquanto se busca uma transição para combustíveis menos poluentes.

Chambriard destacou que o Brasil tem novas fronteiras petrolíferas a perseguir, como as bacias da Foz do Amazonas e Pelotas, onde há questões ambientais para serem resolvidas.

Contudo, a executiva afirmou que vai buscar trabalhar para que a empresa reponha suas reservas de petróleo e gás.

A presidente também defendeu apoio à indústria de fertilizantes ao afirmar que a Petrobras precisa ajudar a desenvolver esse segmento no país.

“Está no nosso planejamento estratégico a questão dos fertilizantes. O Brasil importa 80% dos fertilizantes que utiliza, e uma grande parte são fertilizantes nitrogenados. A Petrobras vende petróleo e gás. Então, se ela tem um produto gás, faz sentido ser vendido para fertilizantes”, afirmou.

Chambriard afirmou que, se Petrobras tiver que baixar um pouco o preço do gás para ganhar mercado, “está valendo”, desde que a operação seja lucrativa também.

Ela reforçou que a venda de gás para indústria de fertilizantes nacional “não será a qualquer preço”.

Tanto o desenvolvimento da industria de fertilizantes no país, grande produtor de alimentos, como o reforço da indústria naval, importante geradora de empregos, estão entre as preocupações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que precisam ser atendidas pela Petrobras, segundo pessoas do governo.

Um acordo da Petrobras com a Unigel para a retomada da operação de duas unidades de fertilizantes nitrogenados enfrentou barreiras do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A nova CEO da estatal acrescentou que será preciso explicar aos órgãos de controle que o apoio à produção de fertilizantes pode, ainda assim, ser lucrativo, atendendo ainda uma prioridade nacional, já que o Brasil importa grande parte de suas necessidades de adubos.

Para Chambriard, não pode haver regras de compliance que gerem “um imobilismo” da companhia.

Ela ainda opinou que a exploração de petróleo na Margem Equatorial, que enfrenta desafios ambientais na Foz do Amazonas, precisa ter debates mais aprofundados no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) à luz dos interesses nacionais de desenvolvimento de uma nova fronteira petrolífera.

Fonte: CNN