Operário é soterrado por grãos e morre sufocado em Uruçuí

Um operário de 46 anos, identificado como Francisco Pereira Alves, morreu após ser “sugado” por um reservatório de soja no sítio em que trabalhava na cidade de Uruçuí. De acordo com informações da Polícia Civil, o homem ajudava a salvar um colega de trabalho que se acidentou no local, quando acabou caindo no silo, uma estrutura metálica utilizada para armazenar grãos. O incidente ocorreu no último sábado (9). 

“Houve um acidente e os colegas de trabalho conseguiram salvar a pessoa que se acidentou primeiro. No momento em que a vítima entrou para socorrer o colega, ele acabou caindo e morrendo”, explica o delegado Wanderlan Nunes, responsável pelo caso. 

Estiveram presentes no local agentes da Polícia Civil, além de peritos. Conforme laudo da perícia, Francisco Pereira Alves morreu sufocado ao ser soterrado. Além disso, também foi constatada a obstrução das vias aéreas pelos grãos.

Devido a dinâmica da morte do trabalhador, a polícia concluiu que a morte foi acidental. No entanto, segundo o delegado Wanderlan Nunes, ao decorrer das investigações, o caso pode ser considerado um acidente de trabalho. “Se, futuramente, houver provas ou informações que demonstrem acidente de trabalho, iremos investigar”, diz o delegado. 

Setor de armazenagem está entre as atividades mais perigosas para trabalhadores no Brasil

Acidentes como o que vitimou o operário Francisco Pereira Alves são mais comuns do que imaginamos. No entanto, nem sempre estes têm visibilidade, o que pode levar a uma subnotificação dos casos. 

Conforme dados do Ministério da Previdência Social, o setor de armazenagem – que inclui o trabalho em silos de grãos – teve 11,13 mortes a cada 100 mil trabalhadores em 2016. O índice deixa o setor entre os 25% dos campos econômicos mais mortíferos para trabalhadores no Brasil.

Para o professor de Medicina do Trabalho da Universidade Estadual Paulista, Idelberto Muniz de Almeida, esse tipo de acidente acontece quando não são adotadas medidas de prevenção nos locais de trabalho. "As estratégias para evitar esses acidentes são amplamente conhecidas há pelo menos 15 anos", diz.