Vídeo de Nikolas Ferreira sobre PIX embasou revisão de medida

O vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), no qual sugere que o PIX poderá vir a ser taxado, embasou a decisão do governo de derrubar a medida da Receita sobre fiscalização nas transações e foi determinante para a decisão de baixar uma Medida Provisória proibindo qualquer taxação sobre a modalidade de cobrança.

Interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), relataram à CNN que a análise da repercussão do vídeo permeou as conversas nesta quarta-feira sobre o impacto negativo da medida da Receita, que, na prática, ampliou de R$ 2,5 mil para R$ 5 mil o alcance da fiscalização do órgão.

Nas contas apresentadas nas conversas,o vídeo de Nikolas teve 140 milhões de visualizações, enquanto, por exemplo, um de Fernanda Torres ganhando o Globo de Ouro teve 20 milhões, outro de Messi ganhando a Copa do Mundo teve 180 milhões, e outro de Donald Trump vencendo as eleições teve 57 milhões.

A leitura no governo foi de que comunicação nenhuma conseguiria superar a amplitude do vídeo do parlamentar e que a única alternativa seria, primeiro, a revogação da decisão da Receita. Seguida do anúncio de uma medida que vedasse qualquer taxação sobre o PIX.

As conversas que levaram a decisão final começaram pela manhã e se estenderam pelo começo da tarde. Participaram, além do presidente Lula, os ministros Fernando Haddad, Jorge Messias (AGU), Sidônio Palmeira (Secom) e Laércio Portela, secretário de imprensa.

O próprio Lula sugeriu que, dessas avaliações, participasse também Roberto Barreirinhas, secretário da Receita responsável pela medida.

Segundo relatos, Lula não estava irritado e compreendeu a dimensão da fake news, embora tenha havido consenso de que o episódio comprovava a tese, que ganhou força no governo nos últimos dias: de que está em curso uma aliança global de plataformas digitais com setores da extrema direita mundial.

Isso porque o governo entendeu que, por si só, o vídeo de Nikolas não deveria ter tido a repercussão que teve.

Nas análises internas, o episódio serviu ainda de alerta para a nova gestão de Sidônio na Secretaria de Comunicação da Presidência, que já chega pressionada com um episódio negativo dentro do governo.

A avaliação foi a de que, daqui em diante, será preciso testar, no universo digital, medidas do governo antes de lançá-las oficialmente.

O desafio será fazer isso até com medidas administrativas, como essa do PIX, que surgiu a partir de uma Instrução Normativa que visava atualizar procedimentos e se adequar a realidade da economia.

No caso, a de que mais pessoas fazem mais transações em PIX em volumes maiores e que criminosos têm se utilizado do meio para cometer crimes.

Fonte: CNN