Doria renuncia ao governo de SP para disputar a Presidência

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta quinta-feira que vai renunciar ao cargo para disputar a Presidência da República. Em discurso para mais de 600 prefeitos no Palácio dos Bandeirantes, Doria disse ser a hora de enfrentar as adversidades "coletivamente, e não individualmente", e acenou para os demais candidatos da chamada "terceira via".

— É hora de virar uma frente ampla e um time poderoso pelo Brasil e pelos brasileiros. Construir, sim, a melhor via para o nosso país. E a melhor via é a via da união, da serenidade, do bom senso, da compreensão e da liberdade — afirmou o governador. — Quero estar ao lado de vocês, a partir do próximo dia 2, para mostrar que é possível, sim, ter uma nova alternativa para o Brasil. Alternativa de paz, de trabalho, de dedicação, de humildade e de integração de todo o Brasil. E fazer isso com determinação, longe da ideologia, distante do populismo e absolutamente condenando a corrupção.

Doria ainda elogiou seu vice, Rodrigo Garcia (PSDB), que é pré-candidato ao governo de São Paulo.

– Rodrigo foi nosso CEO, como dizem os americanos. Ao longo desses três anos e três meses, São Paulo teve o privilégio de ser governado por dois governadores – declarou Doria, durante a solenidade.

O pré-candidato do PSDB à Presidência ainda fez ataques ao governo de Jair Bolsonaro (PL) e às gestões do PT.

— Nesses três anos e três meses da nossa gestão no governo de São Paulo, enfrentamos grandes desafios. A continuidade da crise econômica, iniciada nos governos do PT. A volta da inflação, o aumento do desemprego, o crescimento da fome e da pobreza no governo Bolsonaro. Para piorar, o mundo foi surpreendido pela gravíssima pandemia da Covid-19. E, o Brasil, surpreendido pelo negacionismo — afirmou o governador, que ainda destacou programas governamentais e mirou a vacina como principal marca de sua gestão.

Mais cedo, a informação de que Doria teria desistido da candidatura à presidência para permanecer no governo paulista sacudiu o mundo político brasileiro. A decisão do governador paulista de manter o projeto da presidência ocorre após o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, ter divulgado uma carta em que reafirma o apoio da legenda à sua candidatura à Presidência.

Ao final do evento no Palácio, Doria admitiu que as movimentações desta quinta-feira tiveram o objetivo de confirmar o apoio do PSDB à sua pré-candidatura.

– Eu sentia era a necessidade de ter um apoio explícito do meu partido que foi dado pelo Bruno Araújo, presidente nacional do PSDB. Uma carta incontestável, agora não dá para nenhum outro imaginar que pode surrupiar ou pode copiar as prévias do PSDB. Prévias significam democracia e partidos devem seguir a democracia. Agora estou tranquilo – declarou Doria.

Doria venceu as prévias realizadas pelo PSDB, em novembro, após derrotar o governador gaúcho Eduardo Leite e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio.

Desde então, seu nome não decolou nas pesquisas de intenção de voto: teve 2% no último Datafolha. Com isso, cresceram as pressões para que ele abandonasse a disputa em favor de Leite ou de outro nome de um partido da chamada "terceira via".

Doria comentou a outra movimentação importante desta quinta-feira, a ida de Moro ao União e sua desistência de disputar a presidência.

– Eu respeito o Moro, não quero falar que fica mais fácil (sem a candidatura dele). Nós vamos convidar para apoiar, ele é uma pessoa de bem – afirmou.

Fonte: site extra