Impasse com PSDB abre espaço para novas alianças do União Brasil em SP

Após o União Brasil ameaçar desembarcar da pré-campanha de Rodrigo Garcia (PSDB) ao governo de São Paulo, outros pré-candidatos na disputa podem conquistar o apoio da legenda. A sigla tem um dos maiores tempos de propaganda de TV e rádio e abriga nomes importantes da política paulista.

Há meses, Garcia contava com o respaldo do União, mas nas últimas semanas viu seu apoio minguar por conta de negociações nacionais de seu partido, o PSDB, alheias à sua vontade. Agora, tanto o PT de Fernando Haddad quanto o Republicanos de Tarcísio de Freitas, ambos pré-candidatos ao Palácio dos Bandeirantes, são potenciais nomes para se aliar ao União Brasil no âmbito estadual.

Luciano Bivar, presidente do União e pré-candidato à Presidência, já sinalizou que está aberto a conversar tanto com Haddad quanto com Tarcísio para definir qual será a posição da sigla na disputa paulista.

Na semana passada, o petista fez acenos a uma possível aliança entre os partidos. Ele afirmou que ainda não havia conversado com Bivar, mas se mostrou aberto a isso. Atualmente, Haddad tem ao seu lado PSol, PCdoB, Rede e PV.

“Tenho amigos no União Brasil de longa data, tenho falado com alguns dirigentes – que ficam mais em São Paulo – e estou acompanhando os movimentos dos partidos políticos no Brasil inteiro”, disse. O petista ainda chamou de “interessante” a aliança do União Brasil com o pré-candidato do PSD ao governo de Minas Gerais, Alexandre Kalil, que é apoiado pelo ex-presidente e pré-candidato Lula (PT).

Tarcísio também não conversou com Bivar ainda, mas está em diálogo com lideranças estaduais do partido. No momento, caminham ao lado de Tarcísio o PTB e o PL – que deve indicar o nome para a vaga de vice.

Do acordo ao desacordo

O União Brasil fechou apoio a Rodrigo Garcia na disputa ao governo paulista em dezembro do ano passado, na mesma época em que o tucano também conseguiu o apoio do MDB. Juntas, as legendas vinham discutindo quem indicaria o vice e o candidato ao Senado na chapa do governador.

Em maio, Garcia conquistou mais um partido de peso ao seu lado, o Progressistas (PP), o que o deixou com uma articulação ampla na centro-direita no estado – alguns parlamentares e prefeitos do PL também lhe declararam apoio.

No entanto, as alianças começaram a ruir há cerca de duas semanas, quando tanto União quanto PP ameaçaram romper este acordo por uma série de razões. A primeira é que Luciano Bivar decidiu lançar candidatura própria ao Planalto, saindo da coalizão com PSDB, MDB e Cidadania que pretendia lançar uma candidatura única da chamada “terceira via”.

Ao fim, os três partidos que restaram nesse grupo se uniram em torno do nome de Simone Tebet (MDB), e não de Bivar. Semanas depois, o presidente do União ameaçou desfazer o pacto também em São Paulo, e argumentou, oficialmente, que o PSDB não defende o imposto único que ele prega.

Garcia tem tentado conversar com dirigentes do partido em São Paulo para tentar reverter essa saída – e há grandes chances de conseguir. Até porque, um fato relevante nesse jogo é que o titular do Palácio dos Bandeirantes foi filiado ao DEM (que se uniu com o PSL para virar o União Brasil) por 20 anos antes de migrar para o PSDB no início deste ano.

Pré-candidato do União ao Senado, o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, é uma das principais lideranças da legenda no estado e apoia o governador.

Outro problema foi relacionado diretamente a Arthur Lira, um dos líderes do PP. Em Alagoas, seu estado natal, o PSDB começou a conversar com o senador Renan Calheiros (MDB-AL), para uma eventual aliança com Paulo Dantas (MDB) para o governo daquele estado. Ocorre que Lira apoia o senador licenciado Rodrigo Cunha (União-AL) na disputa ao governo alagoano, e esperava ter o respaldo tucano. Essa situação estremeceu as relações do PSDB tanto com o PP quanto com o União Brasil.

Lira então ameaçou publicamente deixar a aliança com Garcia. Em publicações no Twitter no dia 9 de junho, o presidente da Câmara dos Deputados afirmou que “quebrar o que foi acordado em AL terá consequências à aliança, principalmente em SP” e que “na política, o cumprimento de acordo é fundamental à democracia”.

Caso esse desembarque da candidatura tucana em SP de fato se concretize, o mais provável é que o PP apoie Tarcísio, porque quando o apoio foi formalizado, já havia sido ressalvada a opção de deputados e prefeitos do estado apoiarem o ex-ministro da Infraestrutura.

As alianças devem ser definidas nas próximas semanas, e as convenções partidárias que oficializarão os nomes dos candidatos a governador, vice e senado ocorrem de julho a agosto.

Fonte: Metrópoles