O ministro Ciro Nogueira (Casa Civil) afirmou à reportagem que a carta aos evangélicos lançada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é um "rascunho improvisado" e que o presidente Jair Bolsonaro (PL) pautou o tema das eleições.
"O tema dessa campanha não é economia, são os temas propostos por Bolsonaro, defendidos por ele, o que significa uma evidência a mais que o presidente venceu o debate desta eleição", disse o ministro.
Lula encontrou-se com religiosos nesta quarta-feira (19) e divulgou um documento no qual voltou a se dizer contra o aborto, afirmou que não criará banheiros unissex em escolas e defendeu a liberdade religiosa.
Ciro defendeu a abertura de CPI para investigar os institutos de pesquisas, que viraram alvo da base bolsonarista.
O chefe da Casa Civil declarou ainda que a esquerda busca "uma bala de prata" contra Bolsonaro.
"[A história da pedofilia foi] mais uma tentativa de criar narrativa contra o presidente porque nós entramos no segundo turno, vamos ser francos, [com] o presidente como se fosse uma onça numa selva no cangote do Lula."
PERGUNTA - O senhor está otimista com a vitória de Bolsonaro nas eleições, mas ele ficou atrás no primeiro turno. Qual fato novo pode surgir para haver uma mudança no cenário?
CIRO NOGUEIRA - Fato novo foi aquela narrativa que tentou se criar para o Lula ganhar a eleição no primeiro turno. Foi tentativa do maior estelionato eleitoral da nossa história, também numa aliança da grande mídia com institutos de pesquisa. Não tem nada razoável que explique os números daquelas pesquisas não terem se confirmado.
Ali foi uma tentativa de levar parte do eleitorado que vota em quem vai ganhar a votar [no Lula]. Eu sinto nas [pesquisas] qualitativas que as pessoas hoje se sentem enganadas com o que ocorreu no primeiro turno, e isso fatalmente irá ajudar o presidente no segundo.
P- O senhor é a favor de criminalizar e impor prisão a responsáveis por institutos de pesquisas?
CN- Eu sou favorável que se explique, porque não foi razoável o que aconteceu. Investigação severa através de CPI para que se investigue o que ocorreu para saber se essa denúncia -de que houve combinação de resultado para tentar induzir a eleição do presidente Lula- é verdade ou não. É muito estranho os dois principais institutos do país [Datafolha e Ipec] apostarem em um resultado de diferença de 10 milhões de votos e errarem.
O objetivo das pesquisas é indicar intenções de votos e não antecipar resultado. O que elas [pesquisas] fizeram no primeiro turno foi um crime, porque erraram por mais de 10 milhões de votos. Eu não sou contra pesquisa, sou contra crime que aconteceu no primeiro turno.
P- O que achou da decisão do ministro Alexandre de Moraes de proibir investigações da Polícia Federal e do Cade contra os institutos?
CN - Decisão judicial se cumpre. Posso não concordar com ela. Mas não tem como evitar que uma CPI investigue [os institutos] depois das eleições. Por mim, se fazia uma CPI primeiro, investigava e depois votava o projeto [que visa criminalizar os institutos]. Não vai ser votado antes [da eleição].
P - O que o senhor achou da afirmação de Bolsonaro sobre as meninas venezuelanas e qual impacto disso nas eleições?
CN - Isso foi mais uma tentativa [da esquerda]. Já tentou canibal, já se tentou genocida. O objetivo dele [Bolsonaro] não era dessa forma de "pintar clima", de pegar uma pessoa. [Era] clima dele entrar na casa. Isso aí o presidente fala muito e está superado.
P - Pode ter havido prevaricação do presidente por supostamente ele ter visto a situação de prostituição infantil e não ter adotado nenhuma medida?
CN - Mais uma tentativa de criar narrativa contra o presidente porque nós entramos no segundo turno, vamos ser francos, [com] o presidente como se fosse uma onça numa selva no cangote do Lula; e é muito difícil a onça perder para a pessoa que está lá. A esquerda agora está tentando bala de prata de todo jeito.
P - Vocês têm apostado em alianças com governadores e prefeitos. Como garantir que na ponta isso garantirá votos?
CN - Não é questão de virar voto, mas se tentou criar uma narrativa no início das eleições que o presidente era um homem isolado e nós provamos que não. Ele tem apoio de praticamente todos os candidatos que venceram as eleições fora do Nordeste e o Pará. Todo quadro político do país, que foi a expressão da vontade da população, está com o presidente.
P - Mas em Minas Gerais, por exemplo, o Lula venceu na maioria dos municípios.
CN - Nenhum presidente ganhou eleição perdendo em Minas. Não precisa nem fazer pesquisa no Brasil, pode fazer só em Minas Gerais. E hoje nós já estamos na frente em Minas. Nenhum governador no segundo turno entrou tão forte como o Zema. E nenhum governador se comunica tão bem com a população de seu estado como o Zema.