Em audiência pública realizada na manhã desta terça-feira (25), os carroceiros recusaram mais uma vez o projeto de lei da vereadora Tanandra Sarapatinhas (Patriota), que pretende diminuir de forma gradativa o uso de animais para trabalho. Segundo a presidente da Associação dos Carroceiros, Ana Cristina Lima, os carroceiros não irão aceitar o projeto de lei por falta de garantias aos trabalhadores.
“O que ela vai fazer com 2234 carroceiros que não têm estudo nem nada e a única coisa que eles sabem fazer é trabalhar na tração animal? Então a gente é contra isso. Ela sugeriu que os carroceiros trabalhassem na CTA, quer dizer, um emprego de dois, três meses, um ano, enquanto ele trabalha de tração animal pelo menos o tempo que ele for vivo”, disse a presidente.
Ana Cristina falou também que os maus-tratos que alguns animais sofrem acontecem por parte de carroceiros clandestinos, e que a falta de fiscalização dificulta o trabalho da categoria.
"Existem maus-tratos, porque eu mesmo sou uma que já resgatei três animais de carroceiro, porque são carroceiros que trabalham sem autorização da associação, então estou aqui pedindo também que eles façam a fiscalização, que tirem esses carroceiros de linha, porque eu mesmo já consegui tirar três”, explicou Ana Cristina.
Projeto prevê substituição gradual de animais
A proposta da vereadora Thanandra prevê a redução gradual até a proibição total da utilização dos animais, e inserção dos trabalhadores no mercado de recicláveis. O projeto propõe a proibição dos veículos de tração animal na zona urbana de Teresina no prazo de 34 meses após a sanção.
Segundo a vereadora, a audiência marcada para esta terça (25) serviu para discutir e passar para os carroceiros os principais pontos que estão no projeto de lei.
“Eu espero que hoje eles consigam entender o que é o projeto e que acabe essas fake news que o povo fica espalhando que eu estou criando um projeto pra deixar os pais de família desempregados, passando fome, que eu só vejo o bem estar dos animais, mas não é isso. Tanto vai ser bom para os animais como para as pessoas que estão expostas ao sol, muitos com problema de câncer de pele e nem sabem, em contato com o lixo, não têm uma renda fixa todo mês”, explicou ela.
Ela disse ainda que a retirada dos animais dos carroceiros será feita de forma gradativa e acontecerá à medida em que o trabalhador esteja assegurado de outra renda fixa.
“Quando um carroceiro estiver empregado, for qualificado, já tem como ganhar o dinheiro dele, aí que o animal vai ser retirado. Não vai ser retirado antes para poder o povo passar fome”, completou a vereadora.
A audiência terminou sem acordo entre as partes envolvidas.
Fonte: G1 Piauí