O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve intensificar articulação política entre o Palácio do Planalto e o Congresso após ver o risco real de rejeição da medida provisória que redesenhou a Esplanada dos Ministérios. Após a vitória, ainda que parcial, na aprovação da MP — em que as pastas do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas perderam atribuições, o chefe do Executivo prometeu promover, a partir das próximas semanas, rodadas de conversas com as bancadas dos partidos aliados, tanto na Câmara quanto no Senado.
Na semana passada, o presidente da Câmara, Arthur Lira, disse ter conversado por telefone com o chefe do Executivo e declarou ter explicado as dificuldades do governo em razão da ausência de articulação do Planalto no Congresso e comentou haver uma “insatisfação generalizada” entre os deputados.
“Se hoje o resultado não for de aprovação ou de votação da medida provisória, não deverá a Câmara dos Deputados ser responsável pela falta de organização política do governo”, disse Arthur Lira, na chapelaria do Congresso Nacional, na última quarta-feira (31), dia da votação da MP da Esplanada.
Lula pretende ouvir, diretamente, e em um ambiente descontraído, as queixas dos parlamentares em relação à articulação política do governo, e propor medidas para "organizar, dar um método para o atendimento das principais demandas", segundo explicou um líder governista ouvido pelo Correio Braziliense. Até mesmo as legendas que não fazem parte da base serão convidadas, como o PP e o Republicanos.
A agenda desses encontros começará a ser definida nos próximos dias pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, com a ajuda dos líderes do governo no Congresso. Essas rodas de conversa ainda vão ajudar o petista a reduzir o poder de intermediação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), nas negociações em torno da liberação de emendas e indicação de cargos no Executivo.