Ministro da Ciência e Tecnologia estuda nomear oficial da Aeronáutica como diretor do Inpe

O ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, afirmou, em entrevista à Rádio Eldorado, que o nome do novo diretor do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) deve ser anunciado entre esta segunda-feira, 5, e a terça-feira, 6. Segundo ele, o critério será técnico e, entre os nomes, está um oficial da Aeronáutica, que é doutor em desmatamento. “Estou procurando um nome que tenha conexão com Inpe, que tenha conhecimento nessa área de desmatamento e em gestão”, disse Pontes.

O ministro disse que o ex-diretor do Inpe Ricardo Galvão tornou a situação insustentável ao procurar a imprensa para rebater falas do presidente Jair Bolsonaro em vez de tentar resolver a crise por meio do diálogo. Galvão foi acusado por Bolsonaro de estar “a serviço de alguma ONG” após a divulgação de dados do instituto que mostraram aumento de 88% no desmatamento da Amazônia em junho em relação ao mesmo mês em 2018. Bolsonaro afirmou que os números eram “mentirosos”.

“Se o Galvão tivesse me procurado após os comentários de Bolsonaro, tudo poderia ter sido resolvido no diálogo. O fato de ter falado direto com a imprensa gerou a perda de confiança”, declarou Pontes. “Tem influência do presidente [na demissão], mas também tem minha parte, porque se tornou difícil de contornar a situação.”

O ministro disse estar à disposição para dar esclarecimentos no Senado Federal, caso seja chamado.

Pontes reconheceu, contudo, que o Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia (Prodes), levantamento anual que deve ser divulgado entre fim de agosto e início de setembro, deve mostrar a mesma tendência de aumento do desmatamento dos dados que iniciaram a polêmica no Inpe.

Em relação às declarações controversas de integrantes do governo sobre a inexistência de desmatamento e do aquecimento global, Pontes contemporizou dizendo que procura explicar os dados do ministério para Bolsonaro e outros ministros. “Mas a questão é que nem todo mundo entende sobre ciência e, às vezes, interpreta do ponto de vista pessoal”, declarou.

Fonte: Veja