Preso há 2 meses, DJ Ivis foi de astro aclamado a perigo para a sociedade

O caso DJ Ivis completa dois meses nesta terça-feira (14/9) e ainda é lembrado nas redes sociais. Iverson de Souza Araújo foi preso em um condomínio de luxo em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza, acusado de agredir covardemente a então esposa Pamella Holanda, causando indignação nacional. A coluna LeoDias foi quem revelou o caso com exclusividade. Hoje, ele continua detido no presídio Irmã Imelda Lima Pontes, no município de Itaitinga.

Em agosto, um pedido de habeas corpus para Ivis foi negado pelo Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE). Os desembargadores da 1ª Câmara Criminal, por dois votos a um, decidiram manter a prisão do artista. No dia 19 de julho, a Justiça do Ceará também negou habeas corpus ao DJ. No total, foram oito habeas corpus negados. Dois no Tribunal de Justiça do Ceará, quatro no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e dois no Supremo Tribunal Federal (STF).

Ivis está em uma situação especial de segurança para que seja garantida a integridade física do produtor, já que o caso teve grande repercussão.

Relembre o caso

O caso DJ Ivis veio à tona depois que a arquiteta divulgou vídeos em que levava socos, chutes e puxões de cabelo do então marido, durante uma briga. Em uma das cenas de violência, ele agride Pamella na frente da mãe e da filha do casal, de nove meses na época, e também de um funcionário de Ivis, que não fez nada para impedi-lo.

A advogada e influenciadora digital registrou a ocorrência no dia de 3 de julho, na delegacia da cidade de Eusébio, na Grande Fortaleza. Ela saiu do primeiro depoimento, no dia 12, com a documentação necessária para que, em 30 dias, realizasse um novo exame em relação às agressões.

Ivis foi encaminhado para a Delegacia Metropolitana do Eusébio, na Grande Fortaleza. Ele chegou por volta das 18h e, às 19h, foi levado para a Perícia Forense, onde passou por exame de corpo de delito. Em seguida, foi levado para a Delegacia de Captura.

Em um dos depoimentos, Pamella confessou: “Tentou me estrangular no banheiro e na cama. E o tempo todo dizendo que iria fazer uma besteira, que iria me matar. Me deu uma cotovelada no olho, me encheu de socos nas costas. Fiquei cheia de hematomas”.

“Tinha medo, tinha vergonha. Estava realizando um sonho, estava grávida. Sempre quis ser mãe. A gente entra num estado de negação, porque a gente não quer admitir pra gente mesmo, a gente quer procurar justificativa, a gente se culpa. É muito difícil”, disse a arquiteta em outro momento.

Antes da prisão, Ivis procurou se defender na web

Em meio à repercussão do caso, DJ Ivis foi às redes sociais para se defender das acusações feitas pela ex-mulher.

“Você sabe o que é alguém chegar para você e dizer que vai se matar? Não sabe. Nesse vídeo aí, no quarto da minha filha, ela jogou a menina no meu rosto. Não estou tentando justificar. Não justifica nada do que eu fiz, mas ela passou as mesmas coisas no antigo relacionamento, de polícia, boletim de ocorrência, delegacia, viatura, agressão. Tudo do mesmo jeito”, disse, chorando.

Ele ainda publicou um vídeo de outra discussão com Pamella. Nas imagens, o produtor pede para que ela repetisse tudo o que teria dito antes da gravação. “Fala, repete. Tu vai o quê? Se matar? Se não aqui, em outro lugar. É isso?”, disse. Em outro vídeo, ele fala para a mulher: “Vai, continua porque eu preciso gravar para mostrar para o juiz”.

Em um dos vídeos expostos pela arquiteta, um homem aparece nas imagens e não faz nada para impedir as agressões do produtor. “Esse cara é o Charles, que eu trouxe da Paraíba para cá porque eu não aguentava mais sofrer sozinho. Esse cara tomou a faca da minha mão. Eu tentei contra mim mesmo porque eu não aguentava”, continuou.

“Sempre que eu tentava sair de casa, não podia. Sempre tentava sair de casa, ela não deixava e quando eu conseguia entrar no carro, ela se jogava na frente do carro com a menina no braço. Tenho 30 anos e nunca toquei a mão em ninguém. O que eu passei não justifica, mas ninguém aguentaria”, finalizou o artista.

Denúncia por violência física, psicológica, patrimonial e moral

A denúncia contra DJ Ivis apresentada à Justiça pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), apontou que o produtor cometeu violência física, psicológica, patrimonial e moral (esta considera qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria) contra Pamella. A Justiça estadual aceitou a denúncia contra o artista e ele virou réu. Os tipos de violência sofridos pela arquiteta constam na Lei Maria da Penha.

O cantor tornou-se réu em 28 de julho, um dia após a 3ª Promotoria de Justiça de Eusébio apresentar a denúncia.

Repercussão no meio artístico

A carreira de DJ Ivis já era considerada uma das mais promissoras de 2021 com o grande momento da pisadinha no mercado brasileiro. Mas, logo após a divulgação dos vídeos, ele foi demitido da produtora pela qual era contratado, gerenciada pelo cantor Xand Avião. E daí, foi só ladeira abaixo. Cantores como Zé Filipe, Latino e Flay, que tinham parcerias programadas com ele, cancelaram os lançamentos.

E não parou por aí. O produtor deixou de ser seguido por artistas e amigos próximos, como Zé Vaqueiro, Barões da Pisadinha e Tarcísio do Acordeon.

Uma grande movimentação nas redes sociais surgiu. Vários artistas e anônimos pediram que as pessoas deixassem de ouvir as músicas do DJ.

O hit Galega, que estava fazendo o maior sucesso na web, deixou de ser divulgado por Zé Felipe. O cantor decidiu, logo depois do caso ser divulgado, abandonar a música de trabalho em parceria com Ivis e investir em outra.

O DJ também explodiu com Esquema Preferido, gravado pelos Barões da Pisadinha, em fevereiro; e emplacou na sequência Não Pode se Apaixonar, com Xand Avião e Mc Danny; e Volta Bebê, Volta Neném, com DJ Guuga.

Ivis estava planejando deixar os bastidores com o objetivo de se tornar o primeiro “super DJ” de forró. Agora os planos não parecem ter muito futuro.

Críticas

As redes sociais viraram palco para críticas às agressões de DJ Ivis. Muitos artistas escreveram mensagens duras contra ele.

“Nunca encoste a mão em uma mulher! Vamos espalhar amor e paz não só para a Pamella, mas para todas as mais de 12 mil mulheres que são agredidas e violentadas diariamente no Brasil. Isso tem que acabar!”, disse Wesley Safadão na ocasião.

“Não posso pactuar com esse tipo de agressão a mulheres”, ressaltou Latino, que estava prestes a lançar uma parceria com Ivis, no dia 6 de agosto.

“Por nenhuma mulher a mais silenciada, a violência não deve e nem pode nos calar. Não existe justificativa. Todo o meu apoio à Pamella e repúdio às cenas e atos de horror do Dj Ivis. Violência contra mulher é crime”, falou a campeã do BBB21 Juliette.

“Se metam sim, e se metam muito em briga de homem e mulher. Nada justifica agressão. Como um cara desse ainda não está preso, meu Deus? Que mundo é esse? Isso é desesperador! Que a justiça seja feita. Tem que ser. Não se calem”, escreveu a Luísa Sonza.

“Vivi a violência dentro da minha casa e sei o quanto essas marcas vão além do corpo, elas ferem a nossa alma. Então todo meu apoio a Pamella Holanda e a todas as mulheres que denunciam agressões. Estamos juntas!”, destacou a cantora Joelma.

Mais sobre Ivis

O produtor, que nasceu em Santa Rita, cidade próxima à João Pessoa, começou na carreira musical em 2012, quando se mudou para Fortaleza. Depois de tocar em bandas locais, ele entrou para o Aviões do Forró como produtor e seguiu como braço direito de Xand quando Solange Almeida saiu da banda, em 2016 e, depois, com o fim do Aviões.

Foi nessa época que ele começou a compor, escrever músicas e gravar com artistas renomados como Wesley Safadão, e até com o jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho. Com a criação da Vybbe, escritório de Xand Avião que administra a carreira de Zé Vaqueiro, por exemplo, o DJ passou a produzir os artistas e se lançou na carreira solo.

Antes de parar na prisão, o DJ era o compositor com mais hits nas emissoras de rádios do país, de acordo com a Charts Compositores da Audiência!, empresa de streaming de dados de emissoras de rádio do Brasil, Portugal e alguns países da América Latina. De 1 a 21 de janeiro ele alcançou 115.304 execuções. O 2º da lista era Shylton, amigo de Juliette Frete, com 81.949.

Os números de plays caíram 70% no Spotify. No auge, ele chegou a bater 7.000.000 de ouvintes mensais na plataforma e hoje acumula 2 milhões de ouvintes. Até mesmo uma turnê já estava sendo planejada para o segundo semestre de 2022. Com razão, músicos e empresas romperam contratos, cancelaram e apagaram os lançamentos que envolviam o nome do músico.

A Som Livre, gravadora que tinha quatro músicas de seus artistas em parceria com o DJ, excluiu as faixas das plataformas de streaming. Já o Spotify, Deezer, Apple Music e o Sua Música baniram o artista de suas playlists oficiais.

Fonte: Coluna Leo Dias/Metrópoles