Deltan depõe à PF e alega que tinha imunidade para criticar ministros

O deputado federal cassado Deltan Dallagnol prestou depoimento, no final da manhã desta segunda-feira (05), à Polícia Federal, na investigação que apura as declarações do ex-procurador da Laja Jato quando acusou ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de votarem de forma “combinada e guiada por interesses”, no inquérito que levou à cassação do seu registro de candidatura, o que na prática acabou por ocasionar a perda de seu mandato na Câmara.

Após a perda de seu mandato, Deltan Dallagnol concedeu uma série de entrevistas e fez diversas declarações acusando ministros de terem “cumprido ordens” para cassar seu mandato. Em relação ao ministro Benedito Gonçalves, relator do seu processo no TSE, Deltan afirmou que ele estaria cumprindo ordens do presidente Lula, em troca de uma vaga para o Supremo Tribuna Federal (STF).

“O presidente da República já tocou uma música muito clara em diversos momentos, que é a música da vingança contra a Lava Jato. Isso fez com que o ministro condutor do voto trouxesse um voto que objetiva entregar a minha cabeça em troca da perspectiva de fortalecer a sua candidatura para uma vaga no STF, num contexto que a gente precisa lembrar”, afirmou Deltan em uma de suas declarações.

De acordo com informações do UOL, o ex-deputado e ex-procurador da Laja Jato alegou em sua defesa, durante depoimento à PF, que estaria amparado pela imunidade parlamentar quando fez graves acusações aos ministros do STF e do TSE. As investigações correm em segredo de justiça e estão sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE.

A defesa de Deltan Dallagnol divulgou uma nota afirmando que ele respondeu a todos os questionamentos feitos pela PF, mas que não poderia divulgar o conteúdo por conta do sigilo da investigação. Nesse sentido informou que irá solicitar à justiça a quebra do sigilo da investigação “já que os fatos são relacionados à falas públicas de Deltan como deputado”.

O mandato de Deltan Dallagnol foi cassado no último dia 16 de maio, após decisão unânime do TSE, após ação que questionava o seu registro de candidatura. A ação que resultou em sua perda de mandato foi apresenta pela Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV) e pelo PMN. Que questionaram o fato de Deltan ter uma condenação do Tribunal de Contas da União (TCU) por gastos com diárias e passagens de outros procuradores da Lava Jato e pelo fato de ter pedido exoneração como procurador enquanto era alvo de 15 procedimentos administrativos.