Bolsonaro minimiza confissão de Cid e diz que ex-aliado não tem provas

Em sua residência na capital federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi surpreendido com uma notificação que o coloca no epicentro de uma intrincada trama de comercialização de joias, a qual teria sido orquestrada pelo tenente-coronel Mauro Cid, seu antigo funcionário. Em um tom carregado de consternação, Bolsonaro expressou sua surpresa diante do fato de que aquele que um dia chamou de "tio", em virtude da relação estreita entre o pai do oficial, o general Lourena Cid, e o próprio ex-presidente, agora se voltasse contra ele.

O ex-chefe de Estado refutou veementemente as alegações, considerando-as como parte de uma estratégia meticulosa arquitetada pelo recém-designado advogado de Cid, Cezar Bittencourt. Bolsonaro teceu considerações sobre a possibilidade de que o militar, detido em maio passado, tenha abraçado essa abordagem defensiva na esperança de escapar das grades prisionais.

A mesma pressão persuasiva, segundo alega o ex-presidente, estaria sendo aplicada sobre Max Guilherme e Sérgio Cordeiro, colaboradores próximos de Bolsonaro que também foram detidos na mesma operação que mirou o tenente-coronel Cid. Os três foram presos como parte das investigações em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre possíveis fraudes relacionadas aos registros de vacinação.

Em resposta às alegações, o advogado Cezar Bittencourt sustentou que Cid, que ostenta a patente militar, teria negociado os presentes recebidos por Bolsonaro movido pela obediência à hierarquia militar. Ao ler a reportagem, na noite desta quinta-feira (17), o ex-chefe de Estado reagiu prontamente, refutando categoricamente a ideia de que teria instruído Cid a alienar os itens em questão.

Além disso, Bolsonaro argumentou que não há elementos verídicos que comprovem tais alegações e, ainda, questionou a robustez da tese apresentada por Bittencourt na tentativa de eximir o militar de qualquer culpa. Ademais, o ex-presidente ponderou que, se é verdade que existe a máxima da obediência hierárquica, também é verdade que ordens ilegais não devem ser cumpridas, lançando um contraponto crucial ao argumento da defesa de Cid.